domingo, 27 de novembro de 2016

ARTIGO DE OPINIÃO: Natalidade vs Qualidade das políticas autárquicas

Por:
Rodolfo Colhe
Presidente da Juventude
Socialista de
Alpiarça
Existem determinadas temáticas que recebem grande parte da atenção dos média e por conseguinte da população. Se retirarmos a loucura dos clubes de futebol a que poucos escapam, e eu não me incluo nesses, os escândalos mediáticos e a economia são claramente os grandes focos de atenção. Se por agora os escândalos estão calmos, visto que o Pedro Dias já foi preso, é preciso esperar pela resolução do berbicacho da CGD e só mesmo o Correio da Manhã é que fala todos os dias no Sócrates. O grande foco nacional foi mesmo o crescimento económico e a economia, que sendo um excelente indicador deve também alertar-nos para o facto de sermos bombardeados com informações sobre economia e finanças a um nível que não dominamos e que nos toldam a visão. Outra notícia bem menos positiva e que não foi de todo desconstruída, foi a perda de 100 mil alunos nos próximos 5 anos, sendo que mais de 60 mil são referentes ao 1º ciclo. Parece-me a mim que a análise destes números é bastante fácil e a causa da quebra bastante concreta, sendo inequívoca a relação com a quebra da classe média e com o desemprego jovem e precariedade do emprego. Seguindo os timings mais comuns, os filhos da geração de jovens que foi corrida do país e dos que por cá ficaram deveriam estar daqui a 5 anos no 1ºciclo, sujeitando-se a condições muito pouco propícias à formação de família mas conclusão da história, esses mesmos jovens não tiveram filhos e alguns provavelmente não irão ter. Apesar de um ligeiro aumento em 2015, é fácil perceber que a queda nos anos anteriores foi grande, o que só por si já justifica a subida em 2015,mas existem distritos com menos de 1000 nascimentos/ano, sendo que o distrito de Santarém regista um número um pouco abaixo dos 3000 nascimentos, um número interessante que demonstra que há desenvolvimento e crescimento económico em determinados concelhos do nosso distrito. A natalidade e as políticas de natalidade a nível nacional e local estão sempre relacionadas. Não esquecer que alguns concelhos do centro do país, através de apoios monetários, conseguiram registar nascimentos quando isso não acontecia há algum tempo. O caminho não deverá ser apenas esse, o emprego e a habitação bem como as creches e escolas serão os principais problemas e soluções da natalidade devendo esse combate ser feito não só a nível nacional mas também a nível local. Relativamente ao emprego é fácil perceber a ligação com a natalidade e com o poder local e sem emprego estável porque ninguém programa ter filhos. Em relação a habitação, se o programa Porta 65 Jovem, já dá uma boa ajuda às autarquias e devem também dar o seu contributo para facilitar a habitação jovem, sejam esses contributos directos ou indirectos. Ao nível das creches e das escolas, aí sim os municípios têm um papel que é fundamental, as creches são hoje um problema para a generalidade dos pais com filhos com idade de as frequentar, em grande parte pelo preço que muitas vezes ultrapassa os 300 euros, mas também pelo número de horas que os estabelecimentos estão abertos. Isto para não falar nas ofertas propostas por esses estabelecimentos, e não estou a falar de aulas de esgrima ou de equitação mas sim de aulas de actividade física, de música, de acompanhamento ao nível da terapia da fala ou outros apoios, caso estejamos a falar de crianças com necessidades educativas especiais. Não há que excluir o próprio espaço onde as crianças estão e a existência ou não de uma zona de recreio adaptada à realidade do grupo. Ao nível das escolas de 1º, 2º e 3º ciclo, a realidade é similar sendo necessário que a localidade possua uma escola capaz e segura com todas as condições óptimas para a aprendizagem.
Há determinados problemas para os quais todos temos de procurar soluções, mais uma vez refiro que é essa a função dos políticos. Claro que os grandes políticos antecipam os problemas mas não vale a pena pedir tanto. Estará alguma localidade preparada para ter uma população 90% acima dos 40 anos? O que digo é um exagero mas não sei até que ponto localidades como Alpiarça não se aproximaram de números destes, porque mesmo existindo um número interessante de nascimentos não é suficiente para o número de jovens que sai e infelizmente nada nos garante que as crianças que hoje nascem em Alpiarça irão viver a sua vida por cá.

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