quarta-feira, 2 de setembro de 2020

VALE DE CAVALOS, uma terra cobiçada por barões, rainhas, políticos e novos ricaços.

Por: Manuel Dacosta


VALE DE CAVALOS, uma terra cobiçada por barões, rainhas, políticos e novos ricaços.
Desligou-se jurídica e politicamente de Alpiarça há precisamente 94 anos!

... A 2 de Setembro de 1926, Vale de Cavalos, resolveu deixar o concelho de Alpiarça, optando pela Chamusca. Terá sido uma boa opção política, jurisdicional e económica na altura? A sua população, 94 (!) anos depois, continua a achar que sim.
O executivo do município da Chamusca, sobretudo depois de Abril de 1974, tem tido a grande preocupação de olhar pelos interesses da freguesia de Vale de Cavalos e do seu Povo. A mesma preocupação que tem com todas as outras freguesias do concelho, naturalmente. Perguntar-se-á então, quais os benefícios reais e diferenciados para a população de Vale de Cavalos, pertencendo ao concelho da Chamusca e não ao concelho de Alpiarça?
Bom, apesar de serem municípios diferentes, estão em Portugal e regem-se pelo regime jurídico das autarquias locais. Significa que, sendo nós portugueses e vizinhos podemos ter custos de vida diferentes, dependendo daquilo que é aprovado ou não por cada município.
Vamos aos factos:

- IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis), ano de 2020, no município da Chamusca 0,3% (Alpiarça: 0,4%)
- Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) escalão único, de 0 a 40m3/30 dias. 0,1000€ x m3 de água gasta. (Alpiarça: 2º escalão - 4 a 15m3/30 dias x 0,1072. - 3º escalão - 16 a 25m3/30 dias x 0,1548€! Isto é, basta gastar mais 1m3 de água no mês, para ter um agravamento automático de 50% dos Resíduos Sólidos deste mesmo mês!
- No município da Chamusca, a água é contada todos os meses. (No município de Alpiarça, a água é contada de 4 em 4 meses na maioria das zonas, causando confusões e transtornos aos consumidores, até aos acertos finais, agravados pela diferenciação no preço dos respectivos escalões, como podemos constatar). Problema que não se coloca no município da Chamusca devido à metodologia usada.
- Quanto aos lixos do município da Chamusca, os problemas são mínimos. Com lavagem de contentores e autocolantes visíveis onde consta a data de lavagem dos mesmos; pedais para evitar contacto com as mãos nas tampas e contentores sempre fechados. (Em Alpiarça, é o que todos podemos ver).
- O município da Chamusca, em colaboração com a ECOLEZÍRIA tem em prática desde 2019 o uso de contentores individuais, em muitas zonas piloto, com a separação de resíduos. (Em Alpiarça, temos apenas a promessa que foi feita há muitos meses atrás). As diferenças são evidentes.

"Vamos tendo esperança e rezar por dias melhores" - como diz o nosso amigo António.
Com a devida vénia, transcrevemos aqui alguns excertos alusivos a esta efeméride, respigados da página da
JUNTA DE FREGUESIA DE VALE DE CAVALOS:

"Aprendendo no passado a construir no presente, visando avistar um melhor futuro..."

"...Terra de assalariados rurais, Vale de Cavalos tem uma antiga e rica tradição de luta contra a exploração e por melhores condições de vida, quer nos tempos da 1.ª República quer durante os longos anos do Estado Novo.

Situada mais perto de Alpiarça do que da Chamusca e tendo muitas relações e muitas características em comum com a vila vizinha, foi uma terra disputada entre os dois concelhos, nos anos vinte. Ao pequeno município de Alpiarça, criado a seguir à implantação da República, por influência de José Relvas, convinha a anexação da extensa e rica Freguesia de Vale de Cavalos. Conseguiu-o durante sete anos, de 1919 a 1926, mas a vontade manifestada pela população de pertencer ao concelho da Chamusca acabou por prevalecer, e a Freguesia viria a ser reintegrada a 2 de Setembro de 1926. Sendo nesta data publicado no Diário da República o Decreto-lei nº 12.257 de 2/9/1926 da Direcção Geral da Administração Pública (Ministério do Interior), designando que se voltasse a integrar Vale de Cavalos no concelho da Chamusca. Este regresso foi motivo de grande regozijo, e de tal modo se considerou importante este evento, que a data da reintegração a 2 de Setembro, passou a ser durante alguns anos feriado municipal.
A Freguesia, que até há poucos anos era a mais extensa do concelho, adquiriu a configuração actual em 1985, quando foi criada e destacada dela a Freguesia da Parreira. Mesmo assim, continua a ser uma das maiores do concelho, com os seus 11.900 hectares.
É esta a terra onde vivem e trabalham cerca de 1.300 Valcavalenses, entre a charneca e campina, com o Tejo nos olhos e o Ribatejo no coração, aprendendo no passado a construir no presente, visando avistar um melhor futuro..."