quinta-feira, 5 de julho de 2018

O “ MATOS” QUE DEIXOU TODA A SUA FORTUNA PARA AS CRIANÇAS POBRES DE ALPIARÇA CONTINUA A SER ESQUECIDO PELOS ALPIARCENSES


O “Matos” ou “Chourincas” como todos o conheciam era o “Senhor António Matos”.

Um senhor no sentido lacto da palavra e um grande agricultor.

Um homem que se comovia quando via crianças pobres a caminhar descalças nas proximidades da sua “Quinta”.

Muitas vezes chamava-as para irem à sua casa comer ou receber alguma roupa.

Possuidor de “muita terra” em Alpiarça via no seu filho o continuador de todo o património mas quis o destino que este morresse num acidente.

Pouco tempo depois faleceu a esposa.

Mesmo tenho uma grande casa agrícola ou “quinta” como gostava de chamar faltava-lhe uma companheira.

Encontrou-a pouco tempo depois e com ela voltou a casar.

Chamava-se Ana Pereira Piscalho que também deixou todos os bens à Câmara Municipal de Alpiarça.

O “Sr. Matos” gostava de passar algumas horas na entrada do seu casario para ver os “trabalhadores” que passavam a caminho do campo.

A pobreza era tanta que havia dias em que chamava os mais desprotegidos para sua casa de maneira a que pudessem comer e levar alguns alimentos para darem aos seus.

António Matos era um homem de bem, possuidor de grandes valores e de muitos terrenos, e um grande agricultor alpiarcense.

Quando sentiu sinais de que os seus dias caminhavam para o fim e sem filhos fez um testamento e deu tudo o que tinha à terra que sempre o amou e respeitou.

Quando morreu Alpiarça chorou.

A grande “Quinta do Matos” ou do “Chourincas” estava localizada no cimo da Rua Dr. Queiroz Vaz Guedes.

Todo o espaço onde se situava a antiga Misericórdia, onde hoje está implantada e Biblioteca Municipal de Alpiarça e anexos da Fundação José Relvas, era a quinta do “Sr. Matos”.

A “Quinta” foi doada à Câmara com a condição para que ali se fizesse instalações dignas para dar assistência às crianças mais pobres de Alpiarça.

O desejo deste grande benemérito que chamado foi de António Matos cumpriu-se.

Na “Santa Casa da Misericórdia de Alpiarça” durante décadas e décadas as crianças mais pobres de Alpiarça tinham assistência médica e assistência de enfermagem gratuita.

Outras muitas nasceram na “Misericórdia”.

As “mães pobres” que não tinham dinheiro para dar de comer aos seus filhos a “Misericórdia” dava-lhes o que necessitavam sem regatear o quer que fosse.

Para que nada faltasse aos mais carenciados o “Sr. Matos” comprou a primeira ambulância que Alpiarça teve para alguma urgência ou outras necessidades.

Por ironias do destino este veículo que transportou muitos pobres de Alpiarça para o Hospital de Santarém seria mais tarde transformado em “Carro Funerário”.

Este carro ainda existe e está muito mal estimado algures numa garagem de Alpiarça.

Quando Ana Pereira Piscalho, a segunda esposa de António Matos faleceu também deixou a sua residência à Câmara e outros bens valiosos, tais como fios de ouro.

Nem sempre os homens que tem geridos os destinos de Alpiarça tem sido  justos para quem tudo deu aos mais necessitados de Alpiarça nomeadamente para com as crianças pobres.

Nem uma rua existe com o nome de “António Matos”


«Por: António Centeio»

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