O “Matos”
ou “Chourincas” como todos o conheciam era o “Senhor António Matos”.
Um
senhor no sentido lacto da palavra e um grande agricultor.
Um
homem que se comovia quando via crianças pobres a caminhar descalças nas proximidades
da sua “Quinta”.
Muitas
vezes chamava-as para irem à sua casa comer ou receber alguma roupa.
Possuidor
de “muita terra” em Alpiarça via no seu filho o continuador de todo o
património mas quis o destino que este morresse num acidente.
Pouco
tempo depois faleceu a esposa.
Mesmo
tenho uma grande casa agrícola ou “quinta” como gostava de chamar faltava-lhe
uma companheira.
Encontrou-a
pouco tempo depois e com ela voltou a casar.
Chamava-se Ana Pereira Piscalho que também
deixou todos os bens à Câmara Municipal de Alpiarça.
O “Sr.
Matos” gostava de passar algumas horas na entrada do seu casario para ver os “trabalhadores”
que passavam a caminho do campo.
A
pobreza era tanta que havia dias em que chamava os mais desprotegidos para sua
casa de maneira a que pudessem comer e levar alguns alimentos para darem aos
seus.
António
Matos era um homem de bem, possuidor de grandes valores e de muitos terrenos, e
um grande agricultor alpiarcense.
Quando
sentiu sinais de que os seus dias caminhavam para o fim e sem filhos fez um
testamento e deu tudo o que tinha à terra que sempre o amou e respeitou.
Quando
morreu Alpiarça chorou.
A grande
“Quinta do Matos” ou do “Chourincas” estava localizada no cimo da
Rua Dr. Queiroz Vaz Guedes.
Todo
o espaço onde se situava a antiga Misericórdia, onde hoje está implantada e
Biblioteca Municipal de Alpiarça e anexos da Fundação José Relvas, era a quinta
do “Sr. Matos”.
A “Quinta”
foi doada à Câmara com a condição para que ali se fizesse instalações dignas para
dar assistência às crianças mais pobres de Alpiarça.
O desejo
deste grande benemérito que chamado foi de António Matos cumpriu-se.
Na “Santa
Casa da Misericórdia de Alpiarça” durante décadas e décadas as crianças mais
pobres de Alpiarça tinham assistência médica e assistência de enfermagem
gratuita.
Outras
muitas nasceram na “Misericórdia”.
As “mães
pobres” que não tinham dinheiro para dar de comer aos seus filhos a “Misericórdia”
dava-lhes o que necessitavam sem regatear o quer que fosse.
Para
que nada faltasse aos mais carenciados o “Sr. Matos” comprou a primeira
ambulância que Alpiarça teve para alguma urgência ou outras necessidades.
Por
ironias do destino este veículo que transportou muitos pobres de Alpiarça para
o Hospital de Santarém seria mais tarde transformado em “Carro Funerário”.
Este
carro ainda existe e está muito mal estimado algures numa garagem de Alpiarça.
Quando
Ana Pereira Piscalho, a segunda esposa de António Matos faleceu também deixou a
sua residência à Câmara e outros bens valiosos, tais como fios de ouro.
Nem
sempre os homens que tem geridos os destinos de Alpiarça tem sido justos para quem
tudo deu aos mais necessitados de Alpiarça nomeadamente para com as crianças
pobres.
Nem
uma rua existe com o nome de “António Matos”
«Por:
António Centeio»
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