terça-feira, 15 de agosto de 2017

SÓNIA SANFONA: RECUPERAR O ORGULHO DO NOSSO PASSADO, CONSTRUIR UM MELHOR PRESENTE E PREPARAR, PARA AS NOVAS GERAÇÕES, UM FUTURO MAIS PROMISSOR



Sónia Sanfona (foto) é candidata pelo Partido Socialista a presidente da Câmara Municipal de Alpiarça.

Uma alpiarcense que conhece bem os problemas da terra que a viu nascer.

Sabe como solucionar grande parte dos problemas que estrangulam o desenvolvimento e o crescimento de Alpiarça pois conhece as causas e a incapacidade de quem não é capaz de inverter a situação de forma a que Alpiarça se modernize

É convicção de Sónia Sanfona ser “possível recuperar o orgulho do nosso passado, construir um melhor presente e preparar, para as novas gerações, um futuro mais promissor.”

A candidata socialista não entende como pode haver orgulho na “falta de projectos e de ideias”.

São projectos e ideias que não faltam a Sónia Sanfona que conhece bem os corredores do poder e as pessoas certas para todas juntas fazer de Alpiarça uma terra moderna e avançada no tempo.

Como o vai conseguir e o que pensa fazer está bem explicito na longa entrevista que deu a Marina Maltez colaboradora do 'NOTICIAS DE ALPIARÇA’.


A ENTREVISTA À CANDIDATA SÓNIA SANFONA


Sónia Sanfona quando da entrevista ao 'Noticias de Alpiarça'.
Uma entrevista conduzida pela nossa colaboradora Marina Maltez 


“Tenho procurado desmistificar uma imagem que foi construída, criada, disseminada acerca de mim e como sei que posso fazer mais e melhor só peço aos Alpiarcenses que me dêem essa oportunidade”.
        
Sónia Sanfona, uma das candidatas à presidência da Câmara de Alpiarça, revela uma profunda consciência da imagem ou imagens que os alpiarcenses possam ter acerca de si. E nesta campanha tem procurado demonstrar às pessoas quem é: uma filha da terra, de origens humildes e que a orgulham. Firme na sua candidatura assume que ser autarca não é uma profissão, mas uma missão e como tal, em conjunto com a sua equipa, tem feito uma campanha de proximidade para que a conheçam tal como ela é efectivamente. Mais do que ideias a equipa PS tem um projecto sólido que prima pelo facto de ter sido submetido a rigorosa avaliação de viabilidade e haver já movimentações que os tornam não uma promessa mas algo possível, viável e com retorno económico para a vila. Os conhecimentos, o saber-fazer desta equipa assumem-se (nas palavras da candidata) como fundamentais para recuperar Alpiarça. (MM)

NOTICIAS DE ALPIARÇA (NA): Ainda que o seu percurso seja sobejamente conhecido (esta acaba por ser uma questão que se impõe): quais os aspectos que mais destaca do seu percurso profissional e político?

SÓNIA SANFONA (SS): Não sei como são as outras pessoas. Eu não tinha propriamente um plano quando iniciei a minha vida. Eu sabia exactamente o curso que queria tirar porque sempre foi uma área que me fascinou. Mas nunca fiz planos. As oportunidades aconteceram. Fiz o meu curso, estágio e dei início à minha actividade profissional-pratiquei advocacia ao longo de 10 anos em Santarém. Em paralelo aconteceram outras coisas. A política foi um “bichinho”. A minha inclinação ideológica sempre foi muito clara para mim desde cedo. Sempre entendi que a esquerda não era uma única esquerda: era sim democrática, progressista. As oportunidades foram surgindo, como o integrar as listas do PS à Assembleia da República.
Estive na Assembleia durante cerca de 4 anos e devo dizer que foi uma experiência profundamente interessante. Posteriormente fui Governadora Civil, mas nenhum dos cargos era executivo. Ambas as experiências foram interessantes e permitiram-me estar próxima das pessoas. O que gostei mesmo no cargo de Governadora foi a interacção com as forças vivas do concelho.
Eu não tinha ligação nenhuma ao meio parlamentar e portanto cheguei ali um bocadinho perdida. Mas acho que quando aceitamos os desafios temos que estar preparados para eles. E uma pessoa tem que se saber integrar, estar à altura do desafio e não defraudar as expectativas dos eleitores. E devo dizer que foi relativamente fácil sobretudo porque nós, os novatos, fomos muito bem recebidos por todos, incluindo os nomes históricos, com vasta experiência e que nos ajudaram imenso. Ainda hoje tenho amigos de todas as bancadas e na minha bancada tenho ligações muito próximas. Aprendi imenso, e à medida que fui apresentando o meu trabalho fui tendo mais responsabilidades.
Este é um percurso que me orgulha, muito aprendi e creio que contribui para mudanças positivas.

NA: Entre 1997 e 2009 o PS liderou a Câmara de Alpiarça. Nesse ano, o partido perde o município para o comunista Mário Pereira. Ainda assim, a Sónia assume funções como vereadora antes de ser nomeada Governadora Civil. E entretanto, muitos têm sido os cargos que tem exercido por mérito e sempre com profissionalismo. Após esta derrota em 2009 o que a motiva a candidatar-se agora em 2017? Há aqui um interesse partidário do PS em recuperar um município, uma motivação puramente pessoal ou ambas?

SS: Às vezes as pessoas confundem timidez com arrogância. Que é algo fácil de se confundir. Não sou arrogante, nunca fui. Quem me conhece sabe-o. Assumo que tenho até alguma timidez. As pessoas têm a sensação que nos conhecem, por exemplo, porque nos viram na televisão. Mas nós não as conhecemos e confesso que tenho dificuldade em ser muito efusiva com alguém que não conheço. E não o faço não por reserva para com a pessoa. Actualmente ando nesta campanha pela rua e sinto-me muito bem com esta proximidade.
Efectivamente em 2009 eu vinha de uma estadia muito mais ausente de Alpiarça e é normal que as pessoas tivessem uma imagem de uma Sónia mais distante. Mas houve vários factores que à época terão contribuído para esse resultado. Por exemplo, fui relatora do processo BPN, um aspecto que terá tido impacto (como se esse processo em concreto tivesse tido consequências directas sobre Alpiarça, além disso como membro da comissão de inquérito o meu papel foi o de apurar os factos e enviar para as entidades competentes), entre outros. Além disso vínhamos de um período de 12 anos de PS e é inevitável que as pessoas possam sentir algum cansaço. Não se tratou de o trabalho que estava a ser feito ser bom ou mau, mas tudo se resume a ciclos. Na altura, desvalorizou-se porventura a minha personalidade. Eu era a distante. Pelo contrário o candidato vencedor foi visto como muito mais próximo. Mas olho para trás e não me arrependo do que fiz. Nunca fiz mal a ninguém. Fiz o meu percurso, à minha custa e sempre respeitei as decisões dos eleitores.
Em 2017 candidato-me pela convergência do interesse partidário e pela minha motivação pessoal. Eu considero que consigo fazer melhor. Falta-nos um nível de exigência que até agora não há. Acho que em Alpiarça muitas pessoas pensam que não merecem mais do que isto. O típico pensamento “Quando mal nunca pior”. Mas estou certa que é possível fazer melhor e eu tenho essa disponibilidade. E gostava que os alpiarcenses me dessem essa oportunidade.

  
NA: Foi a primeira candidata a ser confirmada, logo em Fevereiro, e logo nessa apresentação inicial a Sónia apelou à mobilização dos munícipes para que Alpiarça voltasse a ser dos alpiarcenses. Como candidata e como cidadã sente que a terra não é dos munícipes, que de certa forma os seus interesses não são prioridade ou estão esquecidos?

SS: Sinto exactamente isso. Que Alpiarça neste momento está a ser governada no sentido da satisfação de necessidade de um conjunto de alpiarcenses e não no sentido da satisfação global. Aquilo que eu sinto e acho que a maioria dos alpiarcenses sente é que a terra está constrangida por um determinado poder. Nesta altura tenho a certeza que Alpiarça não é governada para todos os alpiarcenses. E tem que ser para todos, mas isto não se faz apregoando muitas vezes as coisas. Se nós dissermos muitas vezes a mesma coisa ela não acontece, não basta afirmar, isso não resolve o problema das pessoas. É preciso fazer. Tenho andado na rua em pré-campanha e a primeira coisa que as pessoas me dizem é “Nós estamos abandonados”. Ainda aqui há dias, por exemplo, no Frade abordo um senhor que se queixava e perguntei se se já tinha ido à Câmara. A sua resposta foi que não valia a pena. Perguntei-lhe ainda se não tinha visto o presidente por lá e disse-me que o tinha visto de passagem uma ou duas vezes. As pessoas sentem-se abandonadas. Falta proximidade, falta a capacidade de resolver os problemas das pessoas, as respostas não são dadas atempadamente. E isso tem implicações directas com o que se podia investir em Alpiarça, é evidente a falta de vontade das pessoas que não são de cá virem para cá, porque há um processo burocrático que não lhes permite resolver as coisas.
As coisas que há um tempo atrás não se faziam, porque recorrentemente se socorria do argumento da dívida para não fazer é curioso que algumas agora estejam a ser feitas. É que foi preciso nós denunciarmos um conjunto de situações para elas serem resolvidas. Das duas uma: ou não se faz porque se é preguiçoso e não se quer fazer ou não se faz porque não se pode. Se não se podia antes também não se podia agora. Mesmo porque a situação económica não se alterou nestes últimos meses.

NA: Em 2013 Mário Pereira obteve 53.61% dos votos, portanto uma maioria confortável que lhe permitiu a constituição de um executivo vincadamente comunista, enraizando-se na vila, nas gentes. Como é que a Sónia pretende “destronar” (digamos assim) esta maioria? E já agora sendo que estavam registados 6.520 eleitores e apenas votaram 3990 conquistar os votos dessa abstenção é fundamental para si?

SS: Eu acho que o exercício da cidadania é fundamental. A possibilidade de escolhermos entre nós aqueles que nos vão representar num governo colectivo foi algo que demorou muito tempo a conquistar e talvez hoje não seja valorizado. Mas só exercendo o nosso dever de cidadania podemos posteriormente pedir contas sobre o que foi feito.
Nós apresentamo-nos perante os nossos eleitores pedindo-lhes confiança mas temos que apresentar o resultado do que fizemos.
Aquilo que sinto é que é preciso despertar as pessoas que se têm mantido alheadas desta escolha para que participem.
Tenho a noção que aqui em Alpiarça haverá pessoas que não fazem essa análise, isto é, que analisem se aquilo que foi prometido foi mesmo cumprido. O que podiam ter feito melhor e não fizeram. Às vezes não é isso que as pessoas fazem. Às vezes o que fazem é cingir-se a uma escolha partidária. As pessoas contam, a sua opinião conta. O problema talvez não esteja nos partidos. Eles defendem o que têm de defender, cada um tem o seu código genético. E isso é um espectro democrático e é saudável. Cabe ao cidadão ser crítico em relação a isso. Quando toma uma decisão e faz uma escolha deve fazer uma análise. Aliás um dos motivos que me leva a candidatar-me é porque eu própria faço essa análise. E as pessoas que estão comigo também fizeram essa análise. Aquilo que sinto que tem acontecido durante estes últimos 8 anos é que estas pessoas que nos têm vindo a governar tê, em primeiro lugar, uma perspectiva muito diferente daquela que eu tenho, acho que o cargo de autarca não é uma profissão mas sim uma missão. Acho que ele tem sido encarado como uma profissão. Depois aquilo que eu penso é que como cidadãos ao longo de 4 anos é mais “vamos ver como isto vai correr”, neste caso já vamos com 8 anos de governação exactamente das mesmas pessoas. Nós durante 8 anos não evoluímos nada. Há uma estagnação. Há um baixar de expectativas extraordinário. Quando uma pessoa não quer fazer arranja sempre boas razões para não fazer. E é isso que tem acontecido, há sempre desculpas para tudo. Há excepção daquelas medidas que não se tomavam há anos e que agora milagrosamente aparecem. Por exemplo, não se limpavam as estradas há meses e de repente arranjou-se maneira. As estradas estavam esburacas e de repente arranjou-se este paliativo, que é uma vergonha. E gastou-se dinheiro. Os recursos são sempre limitados. Quando é preciso fazer opções que sejam por coisas bem feitas.  É preferível fazer menos coisas, mas fazê-las bem feitas.
Aparecem agora nas redes digitais uma espécie de cartazes que vão elencar as obras que este executivo fez. E isto tem que ser explicado às pessoas. Nós quando saímos da Câmara por escolha da população deixamos o projecto da Casa dos Patudos feito, negociado, candidatado e em execução. O executivo entrou, deu continuidade a uma obra que já tinha financiamento assegurado (em termos globais mais de 2 milhões de euros) mas foi o executivo PS que tratou deste processo. Entretanto alteraram este projecto no exterior. Aquilo que se fez ali é de um novo riquismo! Perde-se na nossa identidade rural. Tal como no Jardim Municipal que não é um jardim, desde logo porque um jardim tem flores, tem árvores, tem locais mais locais verdes do que cimento e betão e ali não é isso que acontece. O mesmo aconteceu com o centro escolar, projecto também do PS, agora elencado como feito deste executivo.

NA: Que projectos delineou e que julga que irão levar os alpiarcenses a votar em si? Reparei que se preocupou com vertentes distintas e variadas, da cultura ao desporto, passando pela educação. São lacunas que afere neste concelho e que a auxiliaram a criar ou recriar novos projectos?

SS: Os nossos projectos assentam em pilares fundamentais como a Educação, o Património, a Saúde, o Turismo, entre outros.
Emotivamente, o que mais me marca e pelo qual tenho um enorme carinho é o que se relaciona com o Património. É urgente proteger o património material e imaterial de Alpiarça. Temos pensada uma ligação da praça Vasco da Gama à Vala, sendo esta também devidamente requalificada (exemplos: ciclovia, zonas verdes, espaços de lazer em consonância com a identidade rural da vila). A criação de 4 núcleos museológicos: arqueológico, etnográfico, da república, da resistência anti-fascista. E é garantido que se tratam de projectos já devidamente avaliados e com passos dados junto de privados e de secretarias de Estado. Só assim se pode fazer uma proposta séria e que seja merecedora do voto dos alpiarcenses.

NA:Tendo em conta que a Câmara terá (ao que se sabe) uma dívida que ascende a 9 milhões de euros que estratégia ponderou para equilibrar as contas da autarquia e consequentemente poder executar os seus projectos?

SS: Há muitas coisas que se podem fazer e nem todas precisam de muito dinheiro. Há que procurar investimento. Gerar o interesse para que pessoas de fora procurem Alpiarça e a vejam como um local para fixar as suas empresas, gerando o desenvolvimento da economia e criando postos de trabalho.
Há que gerar rendimento. Há várias formas de o fazer. Dou-lhe um exemplo quando o executivo PS definiu o projecto da praça do município tinha prevista a construção de 4 vivendas, o que por si, suportaria grande parte do investimento que teria que ser feito. Bem como de uma zona comercial, que geraria também receita.
Há que ir bater a portas. Atrair os investidores.

NA: Logo em Fevereiro quando apresentou a sua candidatura a imprensa não a poupou e houve mesmo o rótulo de “candidata derrotada” já que o vencedor seria o actual presidente. Mas a verdade é que as sondagens mostram que tem vindo a ganhar terreno. A seu ver, o que terá levado esta mudança de posição do povo de Alpiarça? (e claro tendo aqui sempre em conta que a imprensa pode descontextualizar e exagerar).

SS: Acho que a campanha da CDU é a campanha expectável para quem está no poder. Por norma uma campanha de quem está no poder promove as suas ideias, os seus candidatos, mas sobretudo promove o trabalho feito. É o que acontece a nível nacional. Procura-se mostrar aos eleitores o que foi feito com o voto. Espero uma campanha lima, de troca de ideias, sem pessoalizar. Não faço ataques pessoais e tenho a expectativa que isso não aconteça durante estas eleições. A minha obrigação já que tenho pretensões a exercer o cargo é demonstrar às pessoas que aquilo que a campanha CDU está a mostrar às pessoas não é tão claro como eles querem mostrar. Pretendo aqui repor a verdade em relação a algumas coisas.
Todos os municípios sofreram com a crise. E os cidadãos em última análise são sempre aqueles que pagam mais fortemente a crise. Aquilo que é pedido a quem governa é que crie soluções para superar dificuldades, crie dentro do possível oportunidades. Quando se vive uma crise como esta sem precedentes há efeitos nefastos que não foram previsíveis.
O que tem acontecido em Alpiarça é algo que considero inconcebível. Não obstante as dificuldades há que as ultrapassar e não arranjar desculpas sistemáticas para não o fazer. O problema deste executivo é falta de ideias, de criatividade. Um presidente de câmara não pode governar um município a partir do seu gabinete. Um presidente de Câmara de um município como Alpiarça tem que ter a capacidade de sair do seu gabinete e ir à procura do que é necessário para o seu concelho. O presidente queixa-se que não há investimento. Vejamos, não há investimento se ele estiver à espera dele. Pode haver investimento se ele for à procura dele.

NA:Constatei que a sua equipa é bastante abrangente: faixas etárias, experiências profissionais e até mesmo ex-autarcas. Como é que foi a escolha desta esquipa? Recaiu sobre as suas escolhas ou foi uma imposição interna?

SS: No PS não se impõe unanimidade. Portanto, nem todas as escolhas o são. A equipa foi escolhida por mim e a primeira preocupação foi ter a meu lado pessoas em quem depositasse confiança. Escolhi e convidei primeiramente o candidato à Assembleia e o candidato à Junta e depois em conjunto fomos fazendo escolhas e convites. A equipa foi-se constituindo assim. Com algumas preocupações, nomeadamente a participação de género. Vemos que ainda é pouco frequente encontrar mulheres em posições de liderança. Outra preocupação foi haver uma participação inter-geracional, bem como a ligação de cada membro da equipa com Alpiarça. E houve por parte de todos a disponibilidade para aceitar e fazermos em conjunto este trabalho.


NA: Sónia, quando Mário Pereira conquistou a Câmara ao PS deixou uma clara mensagem que o concelho necessitava de uma grande mudança. Como é que a Sónia viu e vê esta promessa? Alpiarça mudou mesmo com este executivo ou poderá mudar sim consigo?

SS: Eu acho que este executivo tem demonstrado uma arrogância e falta de tolerância democrática. E o que se sente, o que as pessoas me vão dizendo é que sentem a estagnação, o abandono. São as tais desculpas recorrentes para não fazer, para não cumprir.
Aquilo que tenho sentido nas ruas é que há uma grande frustração nas expectativas.
Não basta fazer por fazer. A minha equipa tem um projecto estruturado, delineado, coerente. A pensar nas pessoas e para as pessoas. Um exemplo em concreto: houve uma proposta deste executivo em fazer um campo de futebol no Casalinho. Um investimento da autarquia previsto em 400 mil euros. E eu tive necessidade de questionar se tinha sido um estudo se havia jovens, de que faixas etárias, isto é, se o investimento iria mesmo colmatar uma necessidade social, já que em contrapartida defendia a edificação de uma unidade de cuidados continuados, já que temos uma população envelhecida e que carece de respostas.
A democraticidade da CDU não se vê e estamos a ser governados por pessoas que por exemplo a nível da zona industrial e da barragem não foram capazes de garantir sustentabilidade e sucesso para o concelho, atraindo empresas e requalificando os espaços.
Um exemplo concreto é o estado em que está a barragem, de futuro, um claro problema ambiental que terá consequências claramente negativas. O que foi feito por este executivo? Criticaram-nos por algumas fotos em que denunciamos, mostramos o estado em que estão as coisas, muitas votadas ao abandono como o Observatório de Aves. Mas comigo e com a minha equipa a questão da barragem é clara: há que fazer urgentemente uma limpeza. Para isso tem que se apresentar candidatura junto do Ministério do Ambiente e procurar em simultâneo financiamento junto de empresas privadas para dinamizar uma economia que será rentável, nomeadamente a nível dos desportos: dar uma nova estrutura à concessão para o espaço ser mais atractivo, dinamizar provas de canoagem.
O que o meu projecto tem é aquela “cola” que tem faltado e dá estrutura e coerência. Fazer um hotel na barragem é possível, fazendo primeiro a limpeza e requalificação da mesma e abrindo concursos para que empresas privadas tenham real interesse em investir em Alpiarça.
E posso mesmo adiantar que o que temos pensado e apresentamos no papel é o resultado de um observar o que faz mesmo falta, um pensar em fazer o que é preciso e obviamente que há já passos dados. Isto é, já fizemos alguns contactos, já fomos bater a algumas portas, pelo que aquilo que nos propomos fazer é possível. É viável. Não é apenas dito e repetido. Sabemos ter as condições para o fazer, sobretudo porque há um pré-trabalho já feito precisamente a nível de contactos, parcerias, cooperação.

NA: Sónia, porquê este slogan “Recuperar o Orgulho”? Sente que de alguma forma a terra e as pessoas terão perdido algum brio?

SS: Sinto. Sinto acima de tudo que há um orgulho em ser alpiarcense. Mas talvez não haja ou não haja mesmo orgulho no que Alpiarça é hoje.
E a verdade é que corremos o risco de perder a nossa identidade rural no meio de medidas que vão sendo tomadas para “atamancar” e que não são parte de um projecto estruturado. Quem sabe até que ponto não pomos em risco a independência enquanto concelho, já que há estruturas que temos que ter para o manter vivo e a funcionar.

NA: É conhecida a sua admiração por Alberto Martins que passo a citar: “Não há felicidade sem liberdade, nem liberdade sem coragem”. E a Sónia já provou que é uma mulher de coragem. Que mensagem quer deixar aos Alpiarcenses?

SS: Que dêem uma oportunidade a eles próprios. O povo de Alpiarça tem sido resiliente.
Que não tenho dúvidas nenhumas que posso fazer mais por Alpiarça.
Sempre fui uma mulher destemida. Habituei-me a trabalhar em ambientes em que é preciso ter coragem. E eu tenho coragem para me submeter de novo ao escrutínio dos alpiarcenses.

Entrevista feita por:   Marina Maltez.
Montagem do texto: António Centeio
Fotos de Marina Maltez


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