Sónia
Sanfona (foto) é candidata pelo Partido Socialista a presidente da Câmara Municipal de
Alpiarça.
Uma
alpiarcense que conhece bem os problemas da terra que a viu nascer.
Sabe
como solucionar grande parte dos problemas que estrangulam o desenvolvimento e
o crescimento de Alpiarça pois conhece as causas e a incapacidade de quem não é
capaz de inverter a situação de forma a que Alpiarça se modernize
É
convicção de Sónia Sanfona ser “possível recuperar o orgulho do nosso passado,
construir um melhor presente e preparar, para as novas gerações, um futuro mais
promissor.”
A
candidata socialista não entende como pode haver orgulho na “falta de projectos
e de ideias”.
São
projectos e ideias que não faltam a Sónia Sanfona que conhece bem os corredores
do poder e as pessoas certas para todas juntas fazer de Alpiarça uma terra
moderna e avançada no tempo.
Como
o vai conseguir e o que pensa fazer está bem explicito na longa entrevista que
deu a Marina Maltez colaboradora do 'NOTICIAS DE ALPIARÇA’.
A ENTREVISTA À
CANDIDATA SÓNIA SANFONA
Sónia Sanfona quando da entrevista ao 'Noticias de Alpiarça'.
Uma entrevista conduzida pela nossa colaboradora Marina Maltez
Sónia Sanfona quando da entrevista ao 'Noticias de Alpiarça'.
Uma entrevista conduzida pela nossa colaboradora Marina Maltez
“Tenho procurado desmistificar uma imagem que foi
construída, criada, disseminada acerca de mim e como sei que posso fazer mais e
melhor só peço aos Alpiarcenses que me dêem essa oportunidade”.
Sónia
Sanfona, uma das candidatas à presidência da Câmara de Alpiarça, revela uma
profunda consciência da imagem ou imagens que os alpiarcenses possam ter acerca
de si. E nesta campanha tem procurado demonstrar às pessoas quem é: uma filha
da terra, de origens humildes e que a orgulham. Firme na sua candidatura assume
que ser autarca não é uma profissão, mas uma missão e como tal, em conjunto com
a sua equipa, tem feito uma campanha de proximidade para que a conheçam tal
como ela é efectivamente. Mais do que ideias a equipa PS tem um projecto sólido
que prima pelo facto de ter sido submetido a rigorosa avaliação de viabilidade
e haver já movimentações que os tornam não uma promessa mas algo possível,
viável e com retorno económico para a vila. Os conhecimentos, o saber-fazer desta
equipa assumem-se (nas palavras da candidata) como fundamentais para recuperar
Alpiarça. (MM)
NOTICIAS DE ALPIARÇA
(NA):
Ainda que o seu percurso seja sobejamente conhecido (esta acaba por ser uma
questão que se impõe): quais os aspectos que mais destaca do seu percurso
profissional e político?
SÓNIA SANFONA (SS): Não sei como são as
outras pessoas. Eu não tinha propriamente um plano quando iniciei a minha vida.
Eu sabia exactamente o curso que queria tirar porque sempre foi uma área que me
fascinou. Mas nunca fiz planos. As oportunidades aconteceram. Fiz o meu curso,
estágio e dei início à minha actividade profissional-pratiquei advocacia ao
longo de 10 anos em Santarém. Em paralelo aconteceram outras coisas. A política
foi um “bichinho”. A minha inclinação ideológica sempre foi muito clara para
mim desde cedo. Sempre entendi que a esquerda não era uma única esquerda: era
sim democrática, progressista. As oportunidades foram surgindo, como o integrar
as listas do PS à Assembleia da República.
Estive
na Assembleia durante cerca de 4 anos e devo dizer que foi uma experiência
profundamente interessante. Posteriormente fui Governadora Civil, mas nenhum
dos cargos era executivo. Ambas as experiências foram interessantes e
permitiram-me estar próxima das pessoas. O que gostei mesmo no cargo de
Governadora foi a interacção com as forças vivas do concelho.
Eu
não tinha ligação nenhuma ao meio parlamentar e portanto cheguei ali um
bocadinho perdida. Mas acho que quando aceitamos os desafios temos que estar
preparados para eles. E uma pessoa tem que se saber integrar, estar à altura do
desafio e não defraudar as expectativas dos eleitores. E devo dizer que foi
relativamente fácil sobretudo porque nós, os novatos, fomos muito bem recebidos
por todos, incluindo os nomes históricos, com vasta experiência e que nos
ajudaram imenso. Ainda hoje tenho amigos de todas as bancadas e na minha
bancada tenho ligações muito próximas. Aprendi imenso, e à medida que fui
apresentando o meu trabalho fui tendo mais responsabilidades.
Este
é um percurso que me orgulha, muito aprendi e creio que contribui para mudanças
positivas.
NA: Entre 1997 e 2009 o
PS liderou a Câmara de Alpiarça. Nesse ano, o partido perde o município para o
comunista Mário Pereira. Ainda assim, a Sónia assume funções como vereadora
antes de ser nomeada Governadora Civil. E entretanto, muitos têm sido os cargos
que tem exercido por mérito e sempre com profissionalismo. Após esta derrota em
2009 o que a motiva a candidatar-se agora em 2017? Há aqui um interesse
partidário do PS em recuperar um município, uma motivação puramente pessoal ou
ambas?
SS: Às vezes as pessoas
confundem timidez com arrogância. Que é algo fácil de se confundir. Não sou
arrogante, nunca fui. Quem me conhece sabe-o. Assumo que tenho até alguma
timidez. As pessoas têm a sensação que nos conhecem, por exemplo, porque nos
viram na televisão. Mas nós não as conhecemos e confesso que tenho dificuldade
em ser muito efusiva com alguém que não conheço. E não o faço não por reserva
para com a pessoa. Actualmente ando nesta campanha pela rua e sinto-me muito bem
com esta proximidade.
Efectivamente
em 2009 eu vinha de uma estadia muito mais ausente de Alpiarça e é normal que
as pessoas tivessem uma imagem de uma Sónia mais distante. Mas houve vários
factores que à época terão contribuído para esse resultado. Por exemplo, fui
relatora do processo BPN, um aspecto que terá tido impacto (como se esse
processo em concreto tivesse tido consequências directas sobre Alpiarça, além
disso como membro da comissão de inquérito o meu papel foi o de apurar os
factos e enviar para as entidades competentes), entre outros. Além disso
vínhamos de um período de 12 anos de PS e é inevitável que as pessoas possam
sentir algum cansaço. Não se tratou de o trabalho que estava a ser feito ser
bom ou mau, mas tudo se resume a ciclos. Na altura, desvalorizou-se porventura
a minha personalidade. Eu era a distante. Pelo contrário o candidato vencedor
foi visto como muito mais próximo. Mas olho para trás e não me arrependo do que
fiz. Nunca fiz mal a ninguém. Fiz o meu percurso, à minha custa e sempre
respeitei as decisões dos eleitores.
Em
2017 candidato-me pela convergência do interesse partidário e pela minha
motivação pessoal. Eu considero que consigo fazer melhor. Falta-nos um nível de
exigência que até agora não há. Acho que em Alpiarça muitas pessoas pensam que
não merecem mais do que isto. O típico pensamento “Quando mal nunca pior”. Mas
estou certa que é possível fazer melhor e eu tenho essa disponibilidade. E
gostava que os alpiarcenses me dessem essa oportunidade.
NA: Foi a primeira candidata
a ser confirmada, logo em Fevereiro, e logo nessa apresentação inicial a Sónia
apelou à mobilização dos munícipes para que Alpiarça voltasse a ser dos
alpiarcenses. Como candidata e como cidadã sente que a terra não é dos
munícipes, que de certa forma os seus interesses não são prioridade ou estão
esquecidos?
SS: Sinto exactamente
isso. Que Alpiarça neste momento está a ser governada no sentido da satisfação
de necessidade de um conjunto de alpiarcenses e não no sentido da satisfação
global. Aquilo que eu sinto e acho que a maioria dos alpiarcenses sente é que a
terra está constrangida por um determinado poder. Nesta altura tenho a certeza
que Alpiarça não é governada para todos os alpiarcenses. E tem que ser para
todos, mas isto não se faz apregoando muitas vezes as coisas. Se nós dissermos
muitas vezes a mesma coisa ela não acontece, não basta afirmar, isso não
resolve o problema das pessoas. É preciso fazer. Tenho andado na rua em
pré-campanha e a primeira coisa que as pessoas me dizem é “Nós estamos abandonados”.
Ainda aqui há dias, por exemplo, no Frade abordo um senhor que se queixava e
perguntei se se já tinha ido à Câmara. A sua resposta foi que não valia a pena.
Perguntei-lhe ainda se não tinha visto o presidente por lá e disse-me que o
tinha visto de passagem uma ou duas vezes. As pessoas sentem-se abandonadas.
Falta proximidade, falta a capacidade de resolver os problemas das pessoas, as
respostas não são dadas atempadamente. E isso tem implicações directas com o
que se podia investir em Alpiarça, é evidente a falta de vontade das pessoas
que não são de cá virem para cá, porque há um processo burocrático que não lhes
permite resolver as coisas.
As
coisas que há um tempo atrás não se faziam, porque recorrentemente se socorria
do argumento da dívida para não fazer é curioso que algumas agora estejam a ser
feitas. É que foi preciso nós denunciarmos um conjunto de situações para elas
serem resolvidas. Das duas uma: ou não se faz porque se é preguiçoso e não se
quer fazer ou não se faz porque não se pode. Se não se podia antes também não
se podia agora. Mesmo porque a situação económica não se alterou nestes últimos
meses.
NA: Em 2013 Mário
Pereira obteve 53.61% dos votos, portanto uma maioria confortável que lhe
permitiu a constituição de um executivo vincadamente comunista, enraizando-se
na vila, nas gentes. Como é que a Sónia pretende “destronar” (digamos assim)
esta maioria? E já agora sendo que estavam registados 6.520 eleitores e apenas
votaram 3990 conquistar os votos dessa abstenção é fundamental para si?
SS: Eu acho que o
exercício da cidadania é fundamental. A possibilidade de escolhermos entre nós
aqueles que nos vão representar num governo colectivo foi algo que demorou
muito tempo a conquistar e talvez hoje não seja valorizado. Mas só exercendo o
nosso dever de cidadania podemos posteriormente pedir contas sobre o que foi
feito.
Nós
apresentamo-nos perante os nossos eleitores pedindo-lhes confiança mas temos
que apresentar o resultado do que fizemos.
Aquilo
que sinto é que é preciso despertar as pessoas que se têm mantido alheadas
desta escolha para que participem.
Tenho
a noção que aqui em Alpiarça haverá pessoas que não fazem essa análise, isto é,
que analisem se aquilo que foi prometido foi mesmo cumprido. O que podiam ter
feito melhor e não fizeram. Às vezes não é isso que as pessoas fazem. Às vezes
o que fazem é cingir-se a uma escolha partidária. As pessoas contam, a sua
opinião conta. O problema talvez não esteja nos partidos. Eles defendem o que
têm de defender, cada um tem o seu código genético. E isso é um espectro
democrático e é saudável. Cabe ao cidadão ser crítico em relação a isso. Quando
toma uma decisão e faz uma escolha deve fazer uma análise. Aliás um dos motivos
que me leva a candidatar-me é porque eu própria faço essa análise. E as pessoas
que estão comigo também fizeram essa análise. Aquilo que sinto que tem
acontecido durante estes últimos 8 anos é que estas pessoas que nos têm vindo a
governar tê, em primeiro lugar, uma perspectiva muito diferente daquela que eu
tenho, acho que o cargo de autarca não é uma profissão mas sim uma missão. Acho
que ele tem sido encarado como uma profissão. Depois aquilo que eu penso é que
como cidadãos ao longo de 4 anos é mais “vamos ver como isto vai correr”, neste
caso já vamos com 8 anos de governação exactamente das mesmas pessoas. Nós
durante 8 anos não evoluímos nada. Há uma estagnação. Há um baixar de
expectativas extraordinário. Quando uma pessoa não quer fazer arranja sempre
boas razões para não fazer. E é isso que tem acontecido, há sempre desculpas
para tudo. Há excepção daquelas medidas que não se tomavam há anos e que agora
milagrosamente aparecem. Por exemplo, não se limpavam as estradas há meses e de
repente arranjou-se maneira. As estradas estavam esburacas e de repente
arranjou-se este paliativo, que é uma vergonha. E gastou-se dinheiro. Os
recursos são sempre limitados. Quando é preciso fazer opções que sejam por
coisas bem feitas. É preferível fazer
menos coisas, mas fazê-las bem feitas.
Aparecem
agora nas redes digitais uma espécie de cartazes que vão elencar as obras que
este executivo fez. E isto tem que ser explicado às pessoas. Nós quando saímos
da Câmara por escolha da população deixamos o projecto da Casa dos Patudos
feito, negociado, candidatado e em execução. O executivo entrou, deu
continuidade a uma obra que já tinha financiamento assegurado (em termos
globais mais de 2 milhões de euros) mas foi o executivo PS que tratou deste
processo. Entretanto alteraram este projecto no exterior. Aquilo que se fez ali
é de um novo riquismo! Perde-se na nossa identidade rural. Tal como no Jardim
Municipal que não é um jardim, desde logo porque um jardim tem flores, tem
árvores, tem locais mais locais verdes do que cimento e betão e ali não é isso
que acontece. O mesmo aconteceu com o centro escolar, projecto também do PS,
agora elencado como feito deste executivo.
NA: Que projectos
delineou e que julga que irão levar os alpiarcenses a votar em si? Reparei que
se preocupou com vertentes distintas e variadas, da cultura ao desporto, passando
pela educação. São lacunas que afere neste concelho e que a auxiliaram a criar
ou recriar novos projectos?
SS: Os nossos projectos
assentam em pilares fundamentais como a Educação, o Património, a Saúde, o
Turismo, entre outros.
Emotivamente,
o que mais me marca e pelo qual tenho um enorme carinho é o que se relaciona
com o Património. É urgente proteger o património material e imaterial de
Alpiarça. Temos pensada uma ligação da praça Vasco da Gama à Vala, sendo esta
também devidamente requalificada (exemplos: ciclovia, zonas verdes, espaços de
lazer em consonância com a identidade rural da vila). A criação de 4 núcleos
museológicos: arqueológico, etnográfico, da república, da resistência
anti-fascista. E é garantido que se tratam de projectos já devidamente
avaliados e com passos dados junto de privados e de secretarias de Estado. Só
assim se pode fazer uma proposta séria e que seja merecedora do voto dos
alpiarcenses.
NA:Tendo em conta que a
Câmara terá (ao que se sabe) uma dívida que ascende a 9 milhões de euros que
estratégia ponderou para equilibrar as contas da autarquia e consequentemente
poder executar os seus projectos?
SS: Há muitas coisas que
se podem fazer e nem todas precisam de muito dinheiro. Há que procurar
investimento. Gerar o interesse para que pessoas de fora procurem Alpiarça e a
vejam como um local para fixar as suas empresas, gerando o desenvolvimento da
economia e criando postos de trabalho.
Há
que gerar rendimento. Há várias formas de o fazer. Dou-lhe um exemplo quando o
executivo PS definiu o projecto da praça do município tinha prevista a
construção de 4 vivendas, o que por si, suportaria grande parte do investimento
que teria que ser feito. Bem como de uma zona comercial, que geraria também
receita.
Há
que ir bater a portas. Atrair os investidores.
NA: Logo em Fevereiro
quando apresentou a sua candidatura a imprensa não a poupou e houve mesmo o
rótulo de “candidata derrotada” já que o vencedor seria o actual presidente.
Mas a verdade é que as sondagens mostram que tem vindo a ganhar terreno. A seu
ver, o que terá levado esta mudança de posição do povo de Alpiarça? (e claro
tendo aqui sempre em conta que a imprensa pode descontextualizar e exagerar).
SS: Acho que a campanha
da CDU é a campanha expectável para quem está no poder. Por norma uma campanha
de quem está no poder promove as suas ideias, os seus candidatos, mas sobretudo
promove o trabalho feito. É o que acontece a nível nacional. Procura-se mostrar
aos eleitores o que foi feito com o voto. Espero uma campanha lima, de troca de
ideias, sem pessoalizar. Não faço ataques pessoais e tenho a expectativa que
isso não aconteça durante estas eleições. A minha obrigação já que tenho
pretensões a exercer o cargo é demonstrar às pessoas que aquilo que a campanha
CDU está a mostrar às pessoas não é tão claro como eles querem mostrar.
Pretendo aqui repor a verdade em relação a algumas coisas.
Todos
os municípios sofreram com a crise. E os cidadãos em última análise são sempre
aqueles que pagam mais fortemente a crise. Aquilo que é pedido a quem governa é
que crie soluções para superar dificuldades, crie dentro do possível
oportunidades. Quando se vive uma crise como esta sem precedentes há efeitos
nefastos que não foram previsíveis.
O
que tem acontecido em Alpiarça é algo que considero inconcebível. Não obstante
as dificuldades há que as ultrapassar e não arranjar desculpas sistemáticas para
não o fazer. O problema deste executivo é falta de ideias, de criatividade. Um
presidente de câmara não pode governar um município a partir do seu gabinete.
Um presidente de Câmara de um município como Alpiarça tem que ter a capacidade
de sair do seu gabinete e ir à procura do que é necessário para o seu concelho.
O presidente queixa-se que não há investimento. Vejamos, não há investimento se
ele estiver à espera dele. Pode haver investimento se ele for à procura dele.
NA:Constatei que a sua
equipa é bastante abrangente: faixas etárias, experiências profissionais e até
mesmo ex-autarcas. Como é que foi a escolha desta esquipa? Recaiu sobre as suas
escolhas ou foi uma imposição interna?
SS: No PS não se impõe
unanimidade. Portanto, nem todas as escolhas o são. A equipa foi escolhida por
mim e a primeira preocupação foi ter a meu lado pessoas em quem depositasse
confiança. Escolhi e convidei primeiramente o candidato à Assembleia e o
candidato à Junta e depois em conjunto fomos fazendo escolhas e convites. A equipa
foi-se constituindo assim. Com algumas preocupações, nomeadamente a
participação de género. Vemos que ainda é pouco frequente encontrar mulheres em
posições de liderança. Outra preocupação foi haver uma participação
inter-geracional, bem como a ligação de cada membro da equipa com Alpiarça. E
houve por parte de todos a disponibilidade para aceitar e fazermos em conjunto
este trabalho.
NA: Sónia, quando Mário
Pereira conquistou a Câmara ao PS deixou uma clara mensagem que o concelho
necessitava de uma grande mudança. Como é que a Sónia viu e vê esta promessa?
Alpiarça mudou mesmo com este executivo ou poderá mudar sim consigo?
SS: Eu acho que este
executivo tem demonstrado uma arrogância e falta de tolerância democrática. E o
que se sente, o que as pessoas me vão dizendo é que sentem a estagnação, o
abandono. São as tais desculpas recorrentes para não fazer, para não cumprir.
Aquilo
que tenho sentido nas ruas é que há uma grande frustração nas expectativas.
Não
basta fazer por fazer. A minha equipa tem um projecto estruturado, delineado,
coerente. A pensar nas pessoas e para as pessoas. Um exemplo em concreto: houve
uma proposta deste executivo em fazer um campo de futebol no Casalinho. Um
investimento da autarquia previsto em 400 mil euros. E eu tive necessidade de
questionar se tinha sido um estudo se havia jovens, de que faixas etárias, isto
é, se o investimento iria mesmo colmatar uma necessidade social, já que em
contrapartida defendia a edificação de uma unidade de cuidados continuados, já
que temos uma população envelhecida e que carece de respostas.
A
democraticidade da CDU não se vê e estamos a ser governados por pessoas que por
exemplo a nível da zona industrial e da barragem não foram capazes de garantir
sustentabilidade e sucesso para o concelho, atraindo empresas e requalificando
os espaços.
Um
exemplo concreto é o estado em que está a barragem, de futuro, um claro
problema ambiental que terá consequências claramente negativas. O que foi feito
por este executivo? Criticaram-nos por algumas fotos em que denunciamos,
mostramos o estado em que estão as coisas, muitas votadas ao abandono como o
Observatório de Aves. Mas comigo e com a minha equipa a questão da barragem é
clara: há que fazer urgentemente uma limpeza. Para isso tem que se apresentar
candidatura junto do Ministério do Ambiente e procurar em simultâneo
financiamento junto de empresas privadas para dinamizar uma economia que será
rentável, nomeadamente a nível dos desportos: dar uma nova estrutura à
concessão para o espaço ser mais atractivo, dinamizar provas de canoagem.
O
que o meu projecto tem é aquela “cola” que tem faltado e dá estrutura e
coerência. Fazer um hotel na barragem é possível, fazendo primeiro a limpeza e
requalificação da mesma e abrindo concursos para que empresas privadas tenham
real interesse em investir em Alpiarça.
E
posso mesmo adiantar que o que temos pensado e apresentamos no papel é o
resultado de um observar o que faz mesmo falta, um pensar em fazer o que é
preciso e obviamente que há já passos dados. Isto é, já fizemos alguns
contactos, já fomos bater a algumas portas, pelo que aquilo que nos propomos
fazer é possível. É viável. Não é apenas dito e repetido. Sabemos ter as
condições para o fazer, sobretudo porque há um pré-trabalho já feito
precisamente a nível de contactos, parcerias, cooperação.
NA: Sónia, porquê este
slogan “Recuperar o Orgulho”? Sente que de alguma forma a terra e as pessoas
terão perdido algum brio?
SS: Sinto. Sinto acima
de tudo que há um orgulho em ser alpiarcense. Mas talvez não haja ou não haja
mesmo orgulho no que Alpiarça é hoje.
E
a verdade é que corremos o risco de perder a nossa identidade rural no meio de
medidas que vão sendo tomadas para “atamancar” e que não são parte de um
projecto estruturado. Quem sabe até que ponto não pomos em risco a
independência enquanto concelho, já que há estruturas que temos que ter para o
manter vivo e a funcionar.
NA: É conhecida a sua
admiração por Alberto Martins que passo a citar: “Não há felicidade sem
liberdade, nem liberdade sem coragem”. E a Sónia já provou que é uma mulher de
coragem. Que mensagem quer deixar aos Alpiarcenses?
SS: Que dêem uma
oportunidade a eles próprios. O povo de Alpiarça tem sido resiliente.
Que
não tenho dúvidas nenhumas que posso fazer mais por Alpiarça.
Sempre
fui uma mulher destemida. Habituei-me a trabalhar em ambientes em que é preciso
ter coragem. E eu tenho coragem para me submeter de novo ao escrutínio dos
alpiarcenses.
Entrevista feita por: Marina Maltez.
Montagem do texto: António Centeio
Fotos de Marina Maltez
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