domingo, 11 de setembro de 2016

ARTIGO DE OPINIÃO: Nem Alpiarça nem a Alpiagra merecem ser tratadas assim

Por: Rodolfo Colhe
Nos tempos de hoje, vivemos um período onde regularmente ouvimos recordar quando Alpiarça era uma terra exemplo em diversas áreas, e não era de forma alguma um mau exemplo em nenhuma outra. Muitos olham para isso como tempos que já la vão e não voltam, mas Alpiarça continua e continuará a ter potencial para ser o que já foi e eu digo sem nenhum tipo de medo ou pudor que poderá até superar o que já foi. Talvez, o quanto gosto desta terra, tolde o meu raciocínio mas com toda a certeza sem tentar, nunca lá chegaremos e às vezes até parece que a ideia é baixar o nível até que os Alpiarcenses se esqueçam o lugar que Alpiarça deve ocupar.
Um dos bons exemplos do quanto se baixou o nível (e digo baixar o nível porque após muito pensar não encontro outra forma educada de me referir a tanta falta de qualidade) é sem duvida a Alpiagra 2016. Quando entrei pela primeira vez, pensei que a Alpiagra tinha passado para outro recinto mas passados poucos minutos e após terminar a visita às diferentes ofertas do certame concluí que a Alpiagra era mesmo ali. É sim, a pior de que tenho memória. Em relação ao Programa, cada um deverá falar por si e o executivo da CMA saberá a verba que tinha disponível apesar de pessoalmente me parecer que o pior do programa está na sua organização e no dia da realização dos concertos e espectáculos e não propriamente no seu conteúdo. Certamente, com a mesma verba todos os Alpiarcenses fariam um programa diferente, e acredito também que muitos seriam melhores que este, mas gostos são gostos e não é isso o mais importante a ser falado. E indo por partes, o Pavilhão Automóvel já nem o nome é esse, no seu interior tem em grande parte carros usados e já matriculados o que me levanta automaticamente uma importante questão, porque não está nenhum vendedor de automóveis do concelho representado neste espaço? Em relação ao Pavilhão Comercial, o número de expositores é mais do que demonstrativo do baixo interesse que a Alpiagra tem neste momento para os comerciantes e industriais. É que até os espaços ocupados neste pavilhão, geralmente, não têm uma única pessoa responsável por ele (já lá vai o tempo em que os jovens de Alpiarça como eu, por exemplo, recebíamos formação para estarmos a representar entidades e empresas que se faziam representar no espaço). Dentro deste mesmo pavilhão, as actividades a decorrer durante o certame e apesar de todos os estrangeirismos aplicados, o nível continua a ser baixo mas e se por exemplo os “Show Drinking” fossem substituídos por “Provas de Vinho” acompanhadas com grandes distribuidores e empresários da área hoteleira a participar de forma a promovermos o vinho e no fundo a economia de Alpiarça? Quanto à parte exterior da Feira, a desorganização é tão grande que parece até que qualquer pessoa poderia chegar e montar sem nenhuma limitação, tendas em frente à doçaria? Rolotes de venda de produtos alimentares e bebidas em frente à doçaria (quando os ocupantes da doçaria não podem vender esses mesmos produtos)? Tendas numa das entradas da Feira? Recinto da Picaria em frente a um restaurante? Carros de choque em frente ao Pavilhão Automóvel? E as máquinas e alfaias agrícolas porque não estão expostas? E já agora por que razão há tão pouca iluminação na Alpiagra? É também de realçar, o facto de não existir um espaço infantil. Só as crianças cujas famílias tem capacidade económica podem usufruir de diversões no recinto da Alpiagra? Nada contra as diversões pagas mas nem todas as crianças tem acesso a elas. Quanto ao espaço jovem, claramente trata-se de uma opção do executivo a não aposta em actividades nessa zona, felizmente os espaços lá representados fazem por as coisas se mexerem.
Teremos ainda de juntar a tudo isto, o facto de não ter existido articulação com a programação das actividades dos concelhos vizinhos, pois parece-me uma enorme falta de inteligência ter o espectáculo mais sonante quando aqui ao lado decorrem actividades que juntam milhares de pessoas.
Pessoalmente, lamento a falta de actividades formativas e explicativas realizadas na Alpiagra. Já era tempo de contarmos com actividades do género de mesas redondas, ou colóquios organizadas em articulação com as escolas profissionais e do ensino Superior onde as ciências agrárias são leccionadas, e desta forma os agricultores de Alpiarça poderiam partilhar os seus problemas e ver algumas das suas dúvidas desfeitas pelos especialistas convidados para esse fim.
Alpiarça vale muito e a Alpiagra sempre foi uma das nossas montras. Nem Alpiarça nem a Alpiagra merecem ser tratadas assim.

Sem comentários:

Enviar um comentário