segunda-feira, 25 de março de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: O Tejo à Mesa

Por:
Rodolfo Colhe


A organização de qualquer evento seja ele de que tipo for é sempre aliciante e stressante ao mesmo tempo, quando esse evento é organizado no âmbito de uma Juventude ou Partido político piora um pouco, tendo em conta que o público-alvo diminui drasticamente e há muitos fatores a ter em conta já para não falar em possíveis boicotes.

A organização do jantar vínico O Tejo á Mesa satisfaz duas vezes, uma pelo vinho e jantar que não desiludiram em nenhuma das 3 edições e outra pela satisfação da tarefa realizada, mas neste artigo vou-me centrar na essência do evento, naquilo que foi esta edição e um pouco na ação que o poder político deve ter para apoiar este produto.

Os vinhos do Tejo são na opinião das três concelhias organizadores (Alpiarça, Almeirim e Cartaxo) um dos produtos mais importantes da nossa região sendo um produto para o qual falta bases à maioria para o defender, e foi um pouco por aqui que esta iniciativa nasceu.

A primeira palavra vai para os nossos oradores, o engenheiro José Rodrigues e a Engenheira Missi que em muito enriqueceram a discussão e nos deram uma perspetiva bastante importante sobre o produto e sobre a sua realidade no Ribatejo. Não posso deixar de dar os parabéns ao restaurante “Tasca do Salsa” pela qualidade da refeição e do atendimento. Os vinhos tal como costume não desiludiram antes pelo contrário, foram uma surpresa, em representação da concelhia do Cartaxo tivemos vinhos da Sociedade Agrícola Casal do Conde, em representação da concelhia de Almeirim nos Tintos tivemos vinhos da Quinta do Casal Branco e em representação de Alpiarça tivemos vinhos da Quinta da Lagoalva que foram os mais apreciados na votação levada a cabo no final do jantar uma prova da qualidade dos vinhos produzidos em Alpiarça.

O vinho é na minha opinião algo que não devemos olhar apenas como um bem alimentar extremamente apreciado, mas como algo que é cultural e inseparável da história da nossa região, não só pelo emprego e riqueza que criou, mas também por tudo o resto inclusivamente por fazer parte da nossa paisagem. Pessoalmente não acho que todos os membros do poder político com responsabilidades façam uma grande defesa dos vinhos, basta olhar para o exemplo de Alpiarça, que é feito em defesa dos vinhos do Tejo e de Alpiarça em particular? Pessoalmente não vejo nada de relevante a ser feito. Como em muitos outros aspetos o poder político tem a obrigação de promover e defender este produto e a sua marca registada, isoladamente sem dar força à marca Tejo e será difícil atingir o nível que se deve querer chegar. Há que fazer uma pequena contextualização em relação aonde se quer chegar, e afirmar que esse local é sem dúvida o topo, estar entre os melhores, e como os dados mostram e bem em 2017 os vinhos do Tejo aumentaram brutalmente a sua exportação correspondendo nesse período a mais de 30% das suas vendas. Uma prova do reconhecimento internacional, mas no mesmo período em Portugal as vendas aumentaram 14,3% em volume e 17,7% em valor prova de que mesmo dentro de portas onde algumas regiões como o Douro e o Alentejo eram lideres incontestadas também os vinhos do Tejo são cada vez mais vendidos.

As opções são muitas para apoiar este produto e algumas são muito transversais às restantes necessidades das populações como é o caso das vias de circulação que não estando em condições condicionam drasticamente a vida dos viticultores ou dos diques que se não cumprirem a sua função podem condicionar todo o trabalho preparatório das vindimas. Como em tudo não podemos esquecer a importância de ouvir quem está no campo como os produtores, proprietários e distribuidores que são eles que sabem realmente o que precisa ser alterado criando-se uma rede de contacto benéfica a todos, cabendo depois aos políticos aproveitar a informação e aplica-la da melhor forma. Mas mais do que isso há o marketing, há a associação do produto às localidades e há claro os grandes eventos. Alpiarça já teve um evento vínico com caraterísticas muito próprias mas que era na altura o melhor do distrito e dos melhores do nosso país. Hoje teria de ser diferente, mais fortemente virado para as provas, para as harmonizações e debates mais técnicos direcionados para os produtores e comerciais. Felizmente muitos concelhos não seguiram o mau exemplo de Alpiarça e estão no bom caminho. Quem sabe um dia talvez Alpiarça também volte a estar.

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