segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: Provar o próprio veneno

Por:
Rodolfo Colhe
Provar o próprio veneno

Não tenho problema nenhum em afirmar que adoro o meu país, não de uma forma nacionalista mas sim quase apaixonada de quem não vê razão alguma para não sermos uma potência em variadíssimas áreas, e um país de referência no que diz respeito aos valores mais importantes da humanidade.

Olho para Portugal e vejo a capital das ondas gigantes, vejo a capital mundial do turismo, vejo a capital mundial da produção de tomate, vejo a capital mundial dos vinhos de qualidade mas depois, infelizmente, vejo Portugal a capital mundial dos escândalos. Todas as semanas há uma grande manchete, um título que fica no ouvido trazido ao grande público pelo jornalismo de investigação que na realidade muitas vezes pouco mais é que ter um conjunto de estagiários, provavelmente, mal pagos a colocar nomes de políticos e familiares de políticos no base.gov.pt, a tentar achar alguma coisa, pois bem esse trabalho já é feito pelos políticos locais que se debatem nas Assembleias Municipais e de Freguesia onde lutam pela sua terra afincadamente. Não tenho muitas dúvidas que ser genro do líder do PCP abre muitas portas mas também as fecha. Eu, que no PS sou apenas um militante de base apesar de ser um militante ativo já senti os efeitos negativos e positivos dessa militância, quanto mais um familiar de um indivíduo que é há mais de 10 anos secretário-geral de um partido com assento na Assembleia da República.

As questões que se devem colocar são, o Dr. Bernardino Soares cometeu alguma ilegalidade na realização das adjudicações diretas? Não tendo cometido nenhuma ilegalidade, o Dr. Bernardino Soares lesou os contribuintes optando por um serviço mais dispendioso ou de menor qualidade? A justiça dos nossos tribunais deve funcionar se a resposta á primeira pergunta for sim, a justiça das urnas deve funcionar se a resposta á segunda pergunta for sim. Eu não digo, e quem seria eu para dizer, que estas situações não devem ser apresentadas na comunicação social, devem sim ser apresentadas de forma séria com o intuito de esclarecer, ou invés de serem preparadas de forma a criarem um clima de conflito e de novo escândalo. Acho que os autarcas do nosso país devem convidar as Anas Leais desta vida para falarem sobre os Municípios com ótimas políticas públicas, com contas em dia, que pagam aos fornecedores a tempo e horas e ainda criam condições para os seus cidadãos viverem com qualidade.

Neste caso que se criou sai muito mal também o secretário-geral do PCP e o partido em si pela sua reação que é no fundo o simples desenvolvimento daquela mensagem de super seriedade e de superioridade moral, e uma quase tentativa de viver á margem evitando tudo o que é exposição que não seja negativa. Para além disso, quantas vezes fez e vai fazer o PCP uso de peças jornalísticas deste tipo? Quantas vezes questionou ministros e presidentes de câmara com base em notícias de jornais e telejornais? Às vezes provamos o nosso próprio veneno e aí percebemos que é difícil digeri-lo.

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