domingo, 5 de março de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: História e profissões

Por:
Rodolfo Colhe
Presidente da Juventude Socialistas
de
Alpiarça



Há coisas que nunca devemos esquecer e uma delas são as nossas tradições e nesta época do Carnaval há algumas tradições que se mantêm e que são de todo interessantes. Se em Alpiarça e outros concelhos se tem recuperado o “Enterro do Galo”, apesar de lhe faltar ainda recuperar a mística, na Chamusca o “Jogo do Quartão” tem uma história ininterrupta e que com toda a certeza tem a sua durabilidade no gosto da população pelas suas tradições, sendo a Chamusca um caso de estudo no que toca ao gosto pela tradição e a capacidade das pessoas da Chamusca em preservarem o que é seu e da minha parte isso merece toda a consideração. E mantendo-me numa onda histórica gostaria de dar também os parabéns à cidade de Tomar pelo seu aniversario tão comemorado pelos seus habitantes. A história é muito importante, seja a história de pessoas individuais, seja a história colectiva de grupos de pessoas, seja história de famílias, de profissões, etc. E se há histórias que provavelmente nunca saberemos, com muita pena, outras já começam a ser publicadas através de livros como “100 Heróis e Vilões que fizeram a história de Portugal”, seria interessante ter um livro destes na nossa terra, sendo que dependendo de quem escrevesse, as personagens estariam no lado ou dos heróis ou dos vilões. Mas há uma história que vamos perder e com efeitos irremediáveis, a história dos capatazes, feitores, dos sapateiros dos barbeiros tradicionais, dos tanoeiros entre muitos outras profissões. Os capatazes são provavelmente os maiores conhecedores da história agrícola da nossa região, conhecedores das verdadeiras histórias dos patrões, conhecedores das verdadeiras histórias dos trabalhadores, conhecedores da verdadeira riqueza das casas. É certo que sempre foram colados aos “patrões” e considerados por muitos como uma extensão do próprio poder, mas seria de todo interessante saber qual é a sua verdadeira história. Quanto aos sapateiros e aos barbeiros tradicionais no caso, principalmente, dos primeiros a sua falta é até sentida pela sua utilidade no caso dos segundos, apesar de a função continuar a ser exercida e, eu próprio admito que tenho saudade do João Malho me perguntar como tinha corrido a bola no fim de semana. Há muitas e muitas histórias que se perdem com o tempo e muitas profissões não fazem hoje sentido, mas será que não nos iremos arrepender de não as conhecermos verdadeiramente. Há muitas situações em que a história se repete e quem nos diz isso é precisamente a própria história.

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