Por: Rodolfo Colhe Presidente da Juventude Socialista de Alpiarça |
Fosse Alpiarça na zona de Lisboa
ou Coimbra (isso queriam eles ter uma Vila como Alpiarça) e teria com toda a certeza
um fado escrito por um dos grandes escritores do nosso país, já imagino um
poema do Ary dos Santos ou Oulman a falar da garra dos nossos homens, da
valentia com que as nossas mulheres lutaram contra a dura vida do campo, contra
a fome e contra tudo o que com elas se deparou. Um fado que falasse da nossa
paisagem do Tejo, da excelência dos nossos produtos que fariam inveja a Alfama
e um corridinho com figuras da nossa terra cujas histórias nos fazem rir que
nem perdidos e ao mesmo tempo que admiram a sua valentia e capacidade para
tentar mudar alguma coisa como foi o caso de homens como o António Abalada,
deputado eleito para a Assembleia Constituinte, que sem formação académica
esteve no grupo dos grandes homens que assinaram a Constituição Portuguesa.
Tantos nomes poderiam ser ditos, desde José Relvas até outras figuras mais
típicas e com características interessantes como o Manuel Serrador que não irá
constar nos livros mas que faz parte da história de Alpiarça, a Maria Albertina,
morta na clandestinidade, bem como o Manuel Vital, o João Sanfona assim como
muitos outros anti-fascistas. Também podemos falar de Luís Gameiro, um dos
grandes forcados da história do nosso país (não conheci todas estas figuras mas
também nunca vi um dinossauro e sei algumas coisas sobre eles). Bem, a história
hoje é outra e apesar das pessoas de enorme valor que existem na nossa terra,
muitas delas até anónimas para a grande maioria da população. Alpiarça não está
como já foi e se hoje alguém tentasse criar uma música dedicada a Alpiarça
sairia um hit da Maria Leal
acompanhada pelas bailarinas da Rebeca. A letra seria boa só por falar de
Alpiarça, já os intérpretes deixariam muito a desejar, tal como deixam os da
nossa terra. Ofendem-se vereadores, quer-se incinerar os contestatários que não
gostam de ver um pilha de lixo à sua porta, encostam-se encarregados com mais
de 30 anos de serviço porque possuem conhecimento e não assinam de cruz a
incompetência dos outros. Sofrem processos disciplinares, aqueles que sendo vítimas
de um regime, não têm medo de se queixar mas no meio de tanta coragem e
valentia ditatorial basta “O Mirante”
dedicar uma imagem e uma centena de caracteres aos buracos da estrada que passa
junto à Quinta da Lagoalva para que esses buracos sejam tapados passado poucos
dias, mesmo que de forma um pouco artesanal e provavelmente de duração muita
curta. Mas, claro que tudo faz parte de uma estratégia económica e política bem
preparada e estruturada, como é fácil de perceber com a alienação sucessiva de
património que consta mais uma vez do orçamento municipal. Quando pagamos
valores exorbitantes pelo aluguer de um carro de recolha de resíduos e estamos
só a falar de cerca de 250€ por dia por isso basta pensarmos quantos dias já
foi usado este carro durante este ano. A verdade é que os problemas se mantêm e
que Alpiarça não evolui e não falo apenas enquanto militante da JS e do PS,
falo enquanto jovem que queria poder viver nesta terra. Eu sei que ainda não é
um direito que temos escolher onde conseguimos ter condições para viver, com a
qualidade que procuramos mas também ninguém me manda gostar de Alpiarça. Não
falo por ódios ou ideologias, todo o mal que possa entender como pessoal não se
aproxima daquele que é feito à população de Alpiarça. Há gostos para tudo mas
não é já “pimbalhada” a mais?
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