domingo, 9 de outubro de 2016

ARTIGO DE OPINIÃO: "A nossa sociedade não está perdida, mas para lá caminha se não fizermos por isso"

Por: Rodolfo Colhe
O humanismo e as boas práticas ainda são reconhecidas, afinal o mundo na sua espiral vertiginosa em direcção ao fundo ainda vai conhecendo viragens em direcção ao seu lugar natural. O país com licenciados a mais, gente com vontade de trabalhar a menos, têm o prazer de ver o engenheiro António Guterres vencer a eleição para liderar a ONU, trata-se de uma eleição em que nenhum dos membros permanentes o poderia recusar. Um português conseguiu vencer, e isso não pode de forma alguma ser considerado um bem menor.
E como a sociedade e o mundo devem de andar sempre de mãos dadas com a política, a JS Ribatejo realizou no dia 1 de Outubro no Cartaxo, uma conferência denominada “Bullying E Cyberbullying – Reflexões e Acções”, tendo esta actividade tido como oradores a Secretária de Estado para a Cidadania e Igualdade Catarina Marcelino e a Professora Fátima Matos que protagonizaram intervenções brilhantes e levaram a que um número de participações após a intervenção das oradoras fosse enorme. Na minha posição enquanto moderador da conferência, mais do que ouvir todos os relatos e experiências, o mais incrível foi ver a cara das pessoas e os sentimentos que demonstravam ao falar daquele assunto e do quanto aquilo as marcou. Não querendo levantar demasiado o véu, a JS irá trabalhar ainda mais esse tema durante este mês. Fiquei consciente de que a imagem que tinha sobre o que se passava hoje em dia, principalmente nas escolas, é real e que o bullying em todas as suas formas é um flagelo que corre o risco de deixar marcas para sempre na vida de milhares de pessoas. E desengane-se quem tem a antiga versão de que estas práticas são realizadas por indivíduos de grupos sócio-económicos debilitados sobre indivíduos do grupo contrário. Na realidade, nos dias de hoje acontece muito mais o contrário sendo muitas vezes essa diferença social o único motivo da chacota, como se alguém tivesse o direito de enxovalhar outro por usar óculos, ser pequeno, gordo ou homossexual. É necessário uma grande atenção por parte das famílias para identificar rapidamente as vítimas, tal como os indivíduos que praticam o bullying porque muitas vezes eles próprios estão a passar por algum tipo de problema.
Outra das conclusões importantes que retirei no passado dia 1 de Outubro, não se prende com a temática da conferência mas sim com o facto de que é totalmente mentira o desinteresse da sociedade civil por tudo o que não seja sobre o seu umbigo. Numa sala com cerca de 60 pessoas diria que 40 não tinham numa ligação a JS ou ao PS, estando ali apenas pela pertinência do tema e pela qualidade dos oradores e estamos a falar de pais, professores, auxiliares de acção educativa, entre muitas outras. Podemos pois concluir que, quando não existe de certa forma receio de associação às organizações partidárias, a sociedade civil procura a informação e desloca-se onde ela está.
A nossa sociedade não está perdida, mas para lá caminha se não fizermos por isso. Portanto, é urgente uma mobilização de todos no sentido de resolver os diferentes flagelos da nossa sociedade. E não esquecer que a classe política também tem de emitir opinião sobre estes temas e não ficar a assobiar para o lado.

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