quarta-feira, 7 de setembro de 2016

MEMÓRIAS DO TEMPO: "O labor das vindimas"


Por esta altura, a azáfama das vindimas dava uma cor e uma intensidade à vida alpiarcense que em nenhuma outra altura do ano tinha par. Centenas de cachopas e mulheres vindas do Alto Ribatejo e das Beiras para o corte das uvas. O vaivém das carroças com dornas, depois os coquinetes e mais tarde os tractores.

Os pequenos fazendeiros, com meia dúzia de pessoas para a vindima, a maior parte do seu agregado familiar, nas suas carroças. 
As 'casas agrícolas' com os ranchos já transportados nas camionetas.
As mulheres com a malta à cabeça, muitas ainda com os manguitos nos braços, todas ligeiras, direito a casa porque, depois de um dia de trabalho, ainda tinham que fazer mais meio dia em casa. Tratar do gado, arranjar a ceia, tratar dos filhos, preparar o farnel do seu 'home' (e o dela), para o dia seguinte.
O cheiro a mosto perfumava os ares porque, por todo lado, existiam adegas, umas maiores, outras menores. Os cascos (do Abel Pinhão ou do Leonor) nas valetas, à espera do aranhol.
O comércio animava-se.
Agora tudo é diferente, com a evolução natural das coisas. E o concelho de Alpiarça já não é um mar de vinhas.
Mas ainda podemos ver alguns desses sinais nas nossas ruas.

«Texto e Fotos de Ricardo Hipólito»

Sem comentários:

Enviar um comentário