segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Em Portugal, havia Estado Novo, ainda não havia PIDE, mas já havia partido único

Por: Anabela Melão
Berlim 1936: A máscara do nazismo. A 1 de agosto, Hitler fez a abertura da 11ª Olimpíada. Orquestras e bandas dirigidas por Richard Strauss saudaram a chegada do ditador para uma plateia maioritariamente alemã. "Ich rufe die Jugend der Welt" ('Eu chamo os jovens do mundo'). Era o lobo em pele de cordeiro. Com a Europa mergulhada nos fascismos, Hitler pretendeu fazer dos Jogos Olímpicos o momento ideal para a afirmação da superioridade ariana. Na pista, um afro-americano, Jesse Owens, o príncipe negro dos jogos de 1936, deu ao mundo a maior prova da igualdade racial, conquistando quatro medalhas de ouro e estabelecendo quatro recordes olímpicos no atletismo - modalidade rainha dos Jogos Olímpicos.
Toda a comitiva britânica fez questão de manifestar a sua oposição ao nazismo, num prelúdio do que havia de ditar a História próxima. Perante um mar de suásticas, todos os atletas e os restantes elementos da delegação britânica, se recusaram a fazer a saudação. Adivinhava-se o que aí vinha. Ou talvez não! Em Portugal, havia Estado Novo, ainda não havia PIDE, mas já havia partido único, Fátima, Família e Futebol. O futuro negro da Europa espreitava.


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