terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

ARTIGO DE OPINIÃO: Eutanásia

Por:
Rodolfo Colhe


Confesso a minha surpresa por ter assistido durante os últimos dias a uma discussão com opiniões tão vincadas, não que não saiba que a eutanásia é e será uma “causa fraturante”, simplesmente não sabia que ainda não tínhamos todos entrado no séc. XXI.
Acho que falar deste tema exige algumas declarações de interesse para que não existam dúvidas:
1º- Sempre fui favorável a esta causa, e nem quero imaginar o que é sofrer ao ponto de querer colocar fim à vida, mas não é por ser militante e dirigente do Partido Socialista, é porque simplesmente penso assim. Para quem ainda não percebeu dentro de PS e PSD as opiniões não são unânimes, nem lá perto.
- Sou ateu, daqueles que respeitam todas as religiões. Sou daqueles ateus que não tem problemas em assumir os efeitos positivos da Igreja, nem de dizer que são capazes de se preocupar primeiro com a manutenção do seu status do que com o sofrimento humano.
3º- Durante muito tempo achei que era através dos referendos que se resolviam problemas, hoje tenho uma forte convicção de que os referendos devem ser usados em situações muitíssimo específicas e nunca, mas mesmo nunca em relação a direitos.
Deixando para os filósofos a discussão sobre o que é efetivamente viver, e não entrando por caminhos um bocado estúpidos como o do “eu não pedi para nascer”, é para mim difícil perceber a dificuldade das pessoas em aceitar que alguém possa não querer continuar a sofrer, no fundo é querer decidir o que têm os outros direito ou não.
Mas em toda esta discussão há um argumento que é pouco honesto, e que diz respeito aos cuidados paliativos e continuados, pelo simples facto de que uma coisa não influencia a outra em nada. Os serviços paliativos e continuados têm uma importância enorme na vida dos doentes e das suas famílias. Não duvido até que a sua rede deva aumentar, no entanto, quem nos diz a nós que quem usufrui desses cuidados na sua plenitude, podendo optar por colocar de forma legal fim a sua vida não o faria.
Não tenho certezas absolutamente nenhumas sobre qual será o resultado deste debate, mas pelo menos já é possível perceber os poderes que tentam influenciar as decisões políticas e pelo que parece não são poucos.

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