segunda-feira, 11 de março de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: Oportunidades


Por: Rodolfo Colhe


Oportunidades

Muito se tem falado sobre igualdade de género, eu próprio já o fiz e acredito que a sociedade está a evoluir positivamente mas muito há para fazer e a pergunta que se impõe é, como lá chegar?

Falar ajuda mas não chega, as manifestações ajudam porque não deixam o assunto sair da agenda mediática e política, no entanto há que dar o passo seguinte passo, esse que não pode nem deve ser isolado de outras grandes discussões que a nossa sociedade tem de ter, e porque todos teremos de batalhar, uma delas será sem dúvida a relação entre a vida profissional e vida pessoal.

Homens e mulheres não são iguais, são muito diferentes até, isso não pode é de forma alguma mudar os seus direitos nem alterar a sua evolução tanto a nível pessoal como profissional. As leis existentes devem ser cumpridas e muito terá de ser legislado contra tudo e contra todos, e o “todos” é muitíssimo grande. Apesar de não ser legal quantas mulher já ouviram numa entrevista de emprego “Pensa engravidar?”. Há condicionamento mais vil do que este? Não creio que haja, agora existindo como se combate isto? Com educação certamente mas os efeitos serão mais lentos do que aqueles que a sociedade necessita.

Mas voltando à relação entre a vida profissional e vida pessoal mantendo o tema da maternidade, se a exigência profissional de horas e horas no trabalho e de resposta a e-mails e chamadas em horário pós-laboral obriga as mulheres a optar entre a carreira ou a maternidade, que liberdade de género existe quando alguém tem de tomar estas opções? A questão da relação entre a vida profissional e vida pessoal não afeta só mulheres afeta e muito os homens, agora se uma mulher opta pela maternidade em vez da carreira e o pai da criança dedica todo o seu tempo ao trabalho não estamos a condenar a mulher a ficar cada vez mais para trás? Infelizmente este é um cenário comum que prejudica a vida de homens que querem ser pais, maridos ou companheiros dignos do séc. XXI que repugnam o machismo e se sentem feministas e são forçados a ver as suas companheiras ficarem para trás.

Não acredito em soluções definitivas nem em políticas públicas similares a truques de magia que resolvem tudo do dia para a noite, mas há muito a fazer para evitar que nos tornemos em máquinas de trabalho.

Depois venham lá falar de desertificação, da baixa taxa de natalidade e que a sociedade está doente, só se esquecem de dizer quem criou e proliferou o vírus.

O atual governo com a reposição das 35 horas onde foi possível faze-lo com o aumento de vencimentos e imensas melhorias das regras do jogo, muito contribuiu para nos aproximarmos de onde queremos chegar mas está ainda muito por fazer e acredito que ou invertemos a situação nos próximos anos ou poderá já ser tarde.

Sem comentários:

Enviar um comentário