terça-feira, 15 de janeiro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: Vale tudo por boas audiências?

Por:
Rodolfo Colhe

Vale tudo por boas audiências?


Confesso que se todos as pessoas fossem como eu, e ainda bem que não são, as televisões só teriam desporto e notícias e certamente não teriam programas como os de Manuel Luís Goucha e a Cristina Ferreira, no entanto respeito os apresentadores e acho até que a Cristina Ferreira faz um ótimo papel. As pessoas gostam e nem todos podemos estar interessados em política e afins.
O mais natural neste período seria os telejornais e redes sociais estarem virados para o frio, as gripes e para os hospitais entupidos, mais eis que para a TVI decide chamar Mário Machado, um indivíduo que já cumpriu pena pelos motivos que se sabe, um ser que representa grande parte do que há de mau na sociedade moderna a um dos seus programas de maior audiência. O ponto de partida para falar do assunto é simples, Mário Machado não é Bolsonaro, não é Marine Le Pen, não é Viktor Orbán nem nada que se pareça com tal, todos os outros tentam impor os seus maus princípios através do populismo e da desinformação mas Mário Machado tenta faze-lo através da violência. Bolsonaro, Marine Le Pen e Viktor Orbán têm um programa político e Mário Machado um gangue. São demasiadas diferenças para que o argumento da liberdade política seja colocada em causa.
Mas confesso que dentro de tudo o que se passou á volta deste tempo, o que me incomodou e estranhamente incomodou mesmo muito foi a forma displicente e leviana como se questiona se faz falta um novo Salazar. Então e os que sofreram com a ditadura? Então e aqueles que perderam familiares no Ultramar? Então ao fim de pouco mais de 40 anos, já há quem queira abdicar da liberdade? Mais estranho é quando o programa que traz este assunto é conduzido por um individuo homossexual que por vivermos num país livre e progressista já é casado com outro homem. Será que num país liderado por Mário Machado ou pelo novo Salazar, Manuel Luís Goucha poderia casar com outro homem? Duvido que sim.
Não estando contentes com o sucedido, a TVI decide convidar para o mesmo programa Alexandre Frota, um apoiante de Bolsanaro a quem são atribuídas frases onde assume a abuso sexual, um adepto da violência e dos insultos, mas é este o caminho que a TVI quer seguir?
Não devemos de forma alguma esconder que existem vários grupos e movimentos apoiantes da ditadura, do racismo e da xenofobia mas de forma alguma lhes podemos oferecer palco para dançarem a seu belo prazer. Eles que vão a votos e joguem com as armas que dispõem, alguns políticos bastante polémicos e com os quais não concordo em nada como é o caso do André Ventura que fundou, inclusive, um partido fizeram esse caminho e vão á luta, apesar de lhes desejar uma enorme derrota nas urnas não o posso de forma alguma comparar com indivíduos que fazem uso da violência para sua promoção.
Não achando nem um pouco piada ao facto do Presidente da República ter ligado para a Cristina Ferreira e de isso lhe ter dado um empurrão na luta das audiências, espero que os portugueses demonstrem claramente que não querem este tipo de personagens nos seus programas de eleição.
Várias páginas que se ocupam da política alpiarcense partilharam a notícia que dava conta da decisão do Tribunal de Contas em manter a condenação a Dra. Vanda Nunes “por ter nomeado e mantido ilegalmente em regime de substituição durante um longo período uma funcionária no cargo de chefe de divisão administrativa.” A Dra. Vanda Nunes é uma amiga por quem tenho muita consideração, foi uma excelente Vereadora e uma excelente Presidente, estou certo que este caso não passou de um erro administrativo, tanto mais que a CDU sendo oposição na altura em que os factos ocorreram decidiu posteriormente manter a funcionária em causa largos anos nas mesmas funções. Para mim esta decisão do Tribunal em nada mancha a carreira da Dra. Vanda Nunes até porque acredito que ela ainda tem muito a dar.

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