quarta-feira, 30 de maio de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: Sim a Eutanásia

Por:
Rodolfo Colhe



Sim a Eutanásia


Há determinadas temáticas que nos fazem compreender que Portugal apesar de ser um país muito antigo, tem ainda uma democracia recente e ainda como muitas reticências a mudanças principalmente quando estão envolvidos princípios contrários à igreja católica.

Nos últimos dias a discussão sobre a eutanásia atingiu um nível elevado na crispação, mas baixo e deselegante no discurso, chegando ao ponto de ouvirmos termos usados exclusivamente para casos de justiça.

Para que não existam dúvidas, claramente, sou favorável à legalização da eutanásia, pois não compreendo que alguém deva ser obrigado a sofrer vivendo sem esperança de dias melhores. Se queremos liberdade devemos ter também liberdade de escolher se a nossa vida chegou ao fim. Cada um deve ser dono do seu corpo.

Confesso que me tem causado alguma confusão ver o PCP e a múmia Cavaco Silva (que a maioria esperava não mais ver opinar sobre nada) estarem do mesmo lado e com a possibilidade de o segundo vir a votar no primeiro, o que seria no mínimo surreal, como dizia um humorista português esta semana “Ainda vamos ver Cavaco Silva na Festa do Avante”.

Os argumentos do sim são claros e concretos e na minha ótica, inegáveis, mas que argumentos usou o não? E compreenda-se que estamos a falar de deputados na Assembleia da República e “opinion makers” da nossa sociedade e não de cidadão comuns com todo o direito a estarem contra a legalização. Estamos a falar de deputados eleitos pelo povo que têm a obrigação de informar e representar da forma mais correta todos os portugueses. Não é aceitável de todo o clima de desinformação criado à volta de uma temática que podia alterar a vida de muitas pessoas e que para além disso seria, sem dúvida, uma mudança no paradigma social da nossa sociedade que muito precisa de abrir horizontes e se soltar de determinadas amarras que ainda prendem o desenvolvimento social do nosso país.

O resultado não foi o esperado mas o tema não morreu e um dia certamente a eutanásia será legalizada.

Para além da tristeza e quase revolta da derrota o outro sentimento que fica é a dúvida quanto ao que faria o Presidente da Republica.

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