terça-feira, 8 de agosto de 2017

MERCADO MUNICIPAL DE ALPIARÇA: quem te viu e quem te vê…

   


Ir ao Mercado Municipal de Alpiarça (MMA) é um hábito com décadas para os fregueses fiéis que não dispensam as frutas e hortaliças da nossa lezíria com os seus sabores inconfundíveis.
                Em plena campanha eleitoral este local tem sido local de eleição por alguns dos candidatos e tema entre os mesmos e os comerciantes. No fundo, o interesse comum é requalificar o espaço e atrair mais clientela, tarefa que não se assume como simples.
                Visitamos o espaço e estabelecemos diálogo com alguns dos vendedores. A Dona Elisa Pereira tem a sua banca já há 28 anos e orgulhosamente exibe os seus produtos, todos vindos da sua horta. Em relação ao estado do edifício a sua opinião é clara: “O projecto tem andado devagar. Estas coisas demoram tempo, mas até agora não nos tem faltado nada, lá vamos pedindo à Câmara o que é preciso e as coisas vão sendo feitas, mas isto há-de ficar melhor depois das obras”. Quanto às razões para a falta de clientes aí não tem a menor dúvida que 28 anos de serviço dão mesmo muito estatuto: “Antigamente até as pessoas de Almeirim vinham aqui fazer as compras, isto era uma praça cheia de tudo e com muito movimento. Mas entretanto vieram as grandes superfícies comerciais e sobretudo as pessoas mais novas não vêm cá. Passam de carro, vão lá tomar o seu café, fazer as compras e nem nunca aqui entraram. Muitas nem devem saber que estão a comprar produtos estrangeiros quando aqui temos o que é nosso e com muita qualidade”. Bem perto, uma cliente habitual, Dona Marília Pereira Rodrigues afirmava o mesmo: “É aqui que venho há anos e sou cliente habitual da Elisa, mas movimento só mesmo à quarta-feira. As pessoas preferem ir às grandes lojas.”

                A Dona Elisa vai mais longe: “O único grande problema aqui é que precisamos de clientes. Mas como os vamos chamar? 

Numa banca não muito longe Dona Carolina de olhar vivo e energia contagiante sorri ao afirmar com orgulho: “A menina sabe que já aqui estou há 52 anos? Bem verdade. Até uma medalha já recebi em prata, que o ouro está caro, mas pelo menos, reconheceram-me o valor”. Fiz-lhe a pergunta sacrossanta: “Então e os clientes?”. E a resposta seguiu as anteriores: “Há quarta-feira temos mais movimento, vêm mais vendedores e é o dia em que o mercado tem mais gente. Mas nós estamos cá sempre, mas como podemos chamar os clientes?. Vão se feitas obras e nós já vimos que vai ficar tudo mais bonito, mas mesmo assim o que precisamos é de ter quem compre o nosso produto”.
                A verdade é que muito se tem dito, escrito e até mesmo especulado sobre este espaço. Mas a realidade é que os comerciantes que resistem e fazem do mercado o seu ganha pão não desistem de voltar aos tempos saudosos em que ir à praça era um hábito, uma festa, um momento de convivência entre a comunidade!
                Os debates políticos estão na berra, culpas atribuem-se mas a verdade é que urgem medidas, estratégias que vão além da requalificação física do espaço e que façam deste local um espaço atractivo a clientes, dinamizando assim a economia local, permitindo o escoamento dos produtos agrícolas da região e mantendo os postos de trabalho de quem deu os melhores anos da sua vida ao MMA!

Reportagem de Marina Maltez

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