segunda-feira, 21 de outubro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: Pequenos que se querem agigantar

Por:
Rodolfo Colhe

O prometido é devido e não queria deixar de analisar os resultados dos partidos ditos pequenos.
Começo pelos que não elegeram, onde a única surpresa é a Aliança, pois era sério candidato a eleger, ainda assim não penso que seja o fim deste partido. Quantos aos outros sinceramente não acredito que tenham grande capacidade para crescer, mesmo o R.I.R ou Nós, Cidadãos que fazem por apresentar candidatos em vários distritos. Parecem-me sem condições para crescer ao ponto de se vir a eleger, quem apregoa demais a seriedade é porque não tem muito mais para dizer, não se vê grande base ideológica nem estrutura, pessoalmente não lhes vejo grande futuro.
O PAN cresceu e não foi pouco apesar de não atingir os números a dado momento especulados, nos quais nunca acreditei, indiscutivelmente estão do lado dos vencedores. A primeira grande prova de fogo do PAN será a participação parlamentar dos seus novos deputados, André Silva arriscou pouco e não falhou, para ganhar credibilidade os novos deputados terão de fazer o mesmo no mínimo, se não conseguirem a evolução poderá ser travada e depois é difícil reiniciar a marcha. Veremos também como irão reagir ao facto de outros partidos tentarem explorar mais e melhor os temas da ecologia.
O Chega é o inimigo publico e isso é bom, mas também é bom para eles e nem todas as motivações são iguais. Quando assumo que é bom para eles a oposição tanto dos outros partidos como de parte significativo da opinião pública, refiro-me à possibilidade de a estigmatização deste partido lhe vir a servir não só como forma de justificar as suas ações, mas também como forma de atrair os excluídos. Quando alguns membros do PSD e CDS agora atacam o Chega estão preocupados com as suas ideias de extrema-direita ou com a possibilidade de ver eleitorado a fugir? Acredito que há exemplos dos dois casos, no entanto, as máquinas dos partidos estão especialmente preocupadas com a segunda opção. É um partido que pode crescer e não só nos centros urbanos e com o qual temos de aprender a lidar, acredito que os nossos deputados darão conta do recado, mas a tarefa será no mínimo desgastante.
A Iniciativa Liberal para quem não conhecia foi uma surpresa durante a campanha, tão grande como a sua eleição, mas não nos deixemos enganar pelos memes do seu líder com cara de esgazeado na comemoração da eleição de um deputado. São um partido que pode vir a ter uma base de trabalho sólida e terá muitos apoios encapotados bem como destaque mediático. O liberalismo é fácil de defender, mas também de desmontar, convenhamos que a falácia do peso excessivo do Estado pega naqueles que acham que não sentem diretamente o efeito do Estado, nomeadamente jovens que passaram 15 anos em escolas públicas e não perceberão que é o “Estado excessivo” que lhes proporcionou isso. É mais um partido que pode crescer principalmente dentro das grandes zonas urbanas.
Por fim o Livre, que é a minha grande incógnita dentro dos novos partidos com assento no parlamento. Não sei a percentagem de vezes que concordei ou discordei do líder do Livre, Rui Tavares, mas não duvido das suas capacidades intelectuais, mas na verdade pouco ou nada sei sobre o partido, sobre as suas dinâmicas e até sobre a sua posição sobre variadíssimos temas. É um caso de esperar para ver, mas com uma espera ativa e de investigação.
Teremos uma legislatura diferente a vários níveis, e a entrada de três novos partidos é parte integrante dessa diferença. Será interessante avaliar como irão reagir nos momentos de verdade e em situações em que o governo possa por exemplo cair, pois na verdade aos três partidos interessa que a legislatura dure para mostrarem trabalho.

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