Por: Rodolfo Colhe |
O povo decidiu
Já se fazem conjeturas em relação ao modelo de governo e seus membros e eu só hoje farei a minha análise aos resultados, o que tem o seu lado negativo e positivo. Objetivamente já quase tudo está dito e isso não abona a meu favor, no entanto, tive mais tempo para pensar por não ter reagido automaticamente.
Começando por Alpiarça, os vencedores são António Costa e Alexandra Leitão, esta vitória é também do PS e JS Alpiarça, mas o seu a seu dono e não acho de todo que tenha sido o nosso trabalho local a dar esta grande vitória. Outro vencedor é o Bloco de Esquerda mas já lá vou. O grande derrotado é sem dúvida o PCP pois mais uma vez perder votos, ou pior por deixar votos transferirem-se para outro partido que é “rival” autárquico, a sigla PCP (ou CDU) e os símbolos foice e o martelo já podem perder e perder bem, e aqui já acho que a inação do atual executivo autárquico pode ter contribuído para a derrota, tanto pela transferência de votos como pode ter levado a que muitos votantes habituais não tenham sentido o apelo de ir votar (nada justifica não ir votar).
Voltando ao BE mais uma vez conseguem uma votação acima dos 300 votos, se os votos do PSD que neste momento não está de todo ativo em Alpiarça pouco ou nada se transferem em autárquicas, os votos dos votantes do BE são essenciais e tem sido muito favoráveis á CDU, veremos até quando o BE vai aceitar não “ganhar” nada com esta ajuda, em política poucas coisas são definitivas ou irrevogáveis. Irá de futuro exigir ao PCP representatividade ou irá procurar junto do PS essa mesma representatividade? É importante perceber quem dará o primeiro passo.
Os portugueses votaram e massivamente escolheram o PS e António Costa para Primeiro-Ministro, faltou um número significativo de deputados para a maioria absoluta mesmo faltando apurar os deputados eleitos pelos círculos eleitorais Europa e Fora da Europa.
O PS enfrentará uma tarefa árdua nos próximos anos, por um lado o equilíbrio orçamental, justiça social, e agilização entre vida pessoal e profissional sem com isto entrar num conflito destrutivo com os empregadores, por outro, as exigências nem sempre possíveis dos partidos à sua esquerda. A escolha de Ministros poderá já influenciar essa relação, resta aguardar e ver.
Um dos meus desejos era um bom resultado do BE e do PCP, efetivamente o segundo não conseguiu, no entanto, acho que isso é mais responsabilidade das suas quebras autárquicas do que de ter estado na Geringonça. O PCP vai ter de se modificar e de se abrir mais para fora, bem como colocar de lado determinadas posições que dificultam a obtenção de bons resultados. Alguns votos foram para o PS e esses poderão até voltar agora os que foram para BE, Livre e PAN, é que são perigosos para o PCP e devem ser evitados a fim de não correr o risco de ficar do tamanho do CDS (é uma provocação barata eu sei).
Por muito que queiram atribuir uma derrota ao BE não foi o caso, também não sei se justifica chamar vitória, o número de votantes desceu, o Livre elegeu, o PS jogava para a maioria absoluta, são razões mais que suficientes para justificar a quebra no número de votos, sendo que a manutenção dos 19 deputados é por si um bom indicador. Enquanto não tiver peso autárquico o BE não poderá crescer muito mais, mas deixar de influenciar as decisões do governo certamente não será um trunfo para o seu desejo de crescer.
O PSD teve o pior resultado da sua história mas não perdeu para o seu líder, esta podia ser a totalidade da análise mas não é. O PSD pagou a fava de a Geringonça ter demonstrado que a direita não é precisa para governar quando não há maioria do lado do PS, o PSD pagou em votos o trabalho dos seus parlamentares. Rui Rio que tem a sua parte das culpas tem a sua cabeça no cepo, ainda assim, tendo como seu mais forte adversário alguém com muitas responsabilidades no mau trabalho parlamentar que muito prejudicou os resultados do PSD, não se mantendo Rui Rio também não acho que seja Luís Montenegro o salvador do centro-direita. Podendo ser acusado de estar a por a foice em seara alheia, só alguém com créditos e muita imprensa pode reformular rapidamente o PSD. O atual presidente da Câmara Municipal de Cascais Carlos Carreiras sem ter a mínima noção de qual é a sua aceitação interna poderia ser uma hipótese, pelo menos seria uma mudança.
O grande derrotado é o CDS e isso satisfaz-me particularmente admito, até porque foi o meu único desejo eleitoral plenamente atingido, o CDS pagou pela arrogância e incompetência da sua líder e enfrenta uma crise que o pode inclusive reduzir nos próximos anos a um partido de 1 ou 2 deputados e quem sabe de futuro a desaparecer, como dizem as crianças, BEM FEITA por brincarem à política. A sucessão a Assunção Cristas vai dividir ainda mais o partido, os militantes muito conservadores ficaram com Abel Matos Santos ou com o líder da JP Francisco Rodrigues dos Santos e a não eleição de um dos dois poderá faze-los até migrar para outros partidos, os liberais têm hoje uma opção fora do partido portanto o cenário é negro. Caso a sucessão seja assegurada por um dos deputados como parece ser vontade de muitos dentro da estrutura, para o CDS é bom que demonstrem capacidades aglutinadoras que até agora não mostraram.
A minha análise já vai longa mas não quero deixar de expressar concretamente as minhas opiniões sobre os restantes partidos, opto assim por o fazer no meu próximo artigo.
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