segunda-feira, 30 de setembro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: “Os direitos não se agradecem, os direitos defendem-se”

Por:
Rodolfo Colhe

“Os direitos não se agradecem, os direitos defendem-se”

A frase acima proferida por António Costa em Santarém poderia ser não só o princípio mas também o fim deste artigo, porque transmite aquilo em que acredito e aquilo que acredito que o nosso Primeiro-Ministro acredita.
Mais uma semana de debates e de Tancos, quem diria que 2019 seria o ano em que talvez pela primeira vez na história deste país a ação de um Ministro da Defesa poderia ser decisiva no resultado eleitoral. Não quero de todo retirar relevância a tão importante cargo, simplesmente não é habitual, nem é de todo habitual que as ações dos governantes que ocupam esta pasta sejam valorizadas, espero que durante a próxima legislatura isso volte acontecer.
Vou começar pelo caso Tancos, “uma vergonha para o governo e para o país” como diz Assunção Cristas, a delfim de Paulo Portas, um tão reputado ex-Ministro de Estado, da Defesa e dos Assuntos do Mar. Onde andaria a Dr.ª Assunção Cristas nestes dias? Esta situação é de todo delicada e reaparece num momento delicado, pena não se poder adiar para depois das eleições como Rui Rio queria fazer com a greve dos motoristas de matérias perigosas. É verdade estou muito cáustico hoje e não é para menos, se alguém pisou a lei que pague por isso, mas que a justiça siga o seu caminho e chegue a um veredito, não existe condenação, existem apenas acusados, e um longo caminho há entre as duas coisas, veremos se os pedidos de desculpa chegarão. Neste caso em concreto Rui Rio desilude-me, Assunção Cristas confirma o que sei eu e os milhões de portugueses que nunca votaram nela, Jerónimo surpreende-me pela positiva como tem feito durante a campanha, e para mim diz tudo, “É relevante a tentativa de aproveitamento de Rui Rio que à falta de assunto, à falta de perspetivas e de alternativa, encontrou aqui a boia de salvação”, espero que não me venha a desiludir nos próximos dias dos elogios ao líder do PCP.
Poderia passar algum tempo a falar da goleada de António Costa a Rui Rio no debate a dois, mas acho que o debate a seis foi muito mais revelador. Infelizmente, o adjetivo revelador não é aqui usado com um sentido positivo, até porque para mim este foi o pior dos debates, com pouca moderação por parte da moderadora e dos intervenientes, com o populismo a imperar e os argumentos a escassear.
Para mim a grande derrotada dos debates no geral e neste em concreto é a líder do CDS, a sua incapacidade no início do debate em apontar um ponto positivo ao atual governo não é mais do que um puro desrespeito pelo poder político que quer exercer, mais uma vez esta senhora nunca sabe o caminho, só apontar o dedo, mas tantas vezes usa o argumento de “conheci uma pessoa que...” que talvez até seja ela a grande vencedora dia 6.
André Silva voltou a ser mais do mesmo, com um egocentrismo político gritante, onde só interessa o programa do PAN e onde o país real é muitas vezes esquecido, país esse que o mesmo diz ser rico (e não é concretamente dos mais pobre), talvez o país dos eleitores do PAN o seja efetivamente.
Já o disse e espero não me vir a arrepender, Jerónimo de Sousa tem estado bem nos debates, discordo de muitas das suas posições mas que tem sido inteligente ao lançar temas que ninguém quer falar mas que dizem respeito ao seu eleitorado, como foi o caso dos taxistas durante o último debate.
Rui Rio é a minha desilusão, veio em crescendo nos debates, conseguiu pelo menos manter a sua posição de homem sério quase até ao fim, mas não soube lidar com a postura aguerrida dos seus adversários, perdeu-se e quis achar-se respondendo aos anseios dos seus apoiantes mais radicais, não é a sua praia e falhou.
Catarina Martins foi uma surpresa pela preparação e conhecimento das pastas que apresentou durante este debate tal como nos anteriores, muitas vezes falou na terceira pessoa para colher os frutos dos bons resultados do governo, faltou-lhe depois sair em sua defesa em áreas onde o BE também teve intervenção, não é tão fiável como Jerónimo de Sousa, acredito que me arrependerei dos elogios mas é a vida.
Dificilmente o candidato do Partido Socialista não seria o meu candidato, mas António Costa é aquilo que admiro num político, é aquilo que as exigências necessitam sem nunca perder o seu lado humano e racional, de longe é o melhor dos candidatos.
Neste que é o último artigo antes das eleições legislativas deixo uma lista de desejos.
  • Vitória do PS com maioria absoluta.
  • Um bom resultado para o BE e CDU.
  • Uma clara maioria de esquerda no Parlamento.
  • PSD enfraquecido e obrigado a reorganizar-se porque em democracia as boas alternativas são desejáveis.
  • CDS eleitoralmente castigado por aquilo que foi o papel da sua líder durante estes 4 anos.  

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