segunda-feira, 16 de setembro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: Faltam duas semanas

Por:
Rodolfo Colhe
Faltam duas semanas

Nos dias que correm não é fácil ser Rui Rio, tudo o que diz e deixa de dizer o prejudica, já nem os empresários demonstram estar com ele. As sondagens (não são resultados oficiais) não ajudam nada, e o enorme trabalho do governo impossibilitou-lhe a vitória e a sua forma de comunicar tirou-lhe a hipótese de ser verdadeira opção.
Ser bom comunicador é hoje obrigatório para qualquer político, mais ainda se falarmos num candidato a Primeiro-ministro, e Rui Rio comunica muito mal, mesmo muito mal.
Quando assume que “Não tenho um particular entusiasmo em ser deputado”, Rui Rio diz que não quer o cargo ao qual se candidata, mas e muitas vezes há um mas, a ideia seria assumir que o objetivo da sua candidatura é chegar a Primeiro-ministro e não ser deputado, no entanto é tarde para isso. Acreditando minimamente nas sondagens mesmo que o PS não chegue à maioria como poderia ele formar governo? Com o apoio daqueles a quem os seus apoiantes chamam de extrema-esquerda? Será que ainda acredita que a direita pode atingir um número de deputados suficiente para formar governo? É óbvio que Rui Rio pretende ser Primeiro-ministro e não deputado tal como António Costa pretendia ser Primeiro-ministro e não deputado em 2015, a diferença? Rui Rio não pode falhar, é um líder a prazo.

Debates

Mais uma semana de debates em que ninguém ganha claramente com eles, sendo que o grande ponto positivo dos mesmos é o clima de respeito entre candidatos que se tem vivido com exceção de um (o último debate que vi foi na sexta-feira), espero eu que fruto de uma consciencialização geral de que os debates devem-se pautar por uma “agressividade saudável” e que a maioria dos portugueses já dispensa bem o estilo trauliteiro que muitas vezes foi utilizado.
Se a tranquilidade com que António Costa desarmou as posições extremadas de André Silva é normal, nada normal é a forma como o líder do PAN “venceu” o debate com Rui Rio. É certo que todos os moderadores têm sido muito amigos do PAN, diria que incompreensivelmente amigos, no entanto não se justifica que o líder do PSD passe todo o debate a defender-se do líder do PAN, e isto não é só falta de preparação (para o debate entenda-se) é em grande parte também erro de comunicação.
O debate António Costa com Assunção Cristas deveria ser visto por todas as pessoas deste país, mas principalmente por quem vota ou pensa vir a votar nesta senhora, correndo o risco de ser aquilo que critico. Assunção Cristas foi mal-educada durante todo o debate. Que as contas não eram o forte dela já sabíamos há muito e este debate ainda o veio confirmar, que a sua responsabilidade é zero também já sabíamos e esse conhecimento foi reforçado durante esta legislatura. Que para ela há portugueses de primeira, de segunda e de terceira também já sabíamos e a forma como olha para o acesso ao ensino superior diz tudo, agora que não consiga respeitar o moderador (moderador esse geralmente nada simpático com o Partido Socialista, imagino se fosse) e a pessoa que com ela debate é para mim uma surpresa que só vem confirmar o nervosismo da líder do CDS-PP, líder por pouco tempo penso eu.


Sondagens

As sondagens em que ninguém diz acreditar, mas que influenciam de forma muito vincada a comunicação e ação dos diferentes partidos, apontam-nos diferentes resultados e possibilidades. Se por um lado a sondagem da Intercampus deixa o PS abaixo da maioria ainda que por pouco, já no estudo apresentado pelo Expresso/Sic o PS teria maioria absoluta (tomando os 39% como referência aparentemente aceite) com uma vantagem de 19 pontos percentuais em relação ao PSD. Nos próximos dias certamente teremos outros estudos que influenciarão o decorrer da campanha e possivelmente o resultado final, mas só o voto decidirá.

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