domingo, 22 de setembro de 2019

ARTIGO DE OPINIÃO: Falta pouco


Por:
Rodolfo Colhe

Falta pouco

Falar sobre o que de mais importante se passou na política em Portugal durante esta semana é falar sobre o debate entre António Costa e Rui Rio, sobre o debate entre os seis líderes dos partidos com representação parlamentar e claro sobre a posição da Procuradoria-Geral da República. 
Começando pelo último tema cito o jornal Público “Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) dá razão a António Costa e considera que não há incompatibilidade nos casos noticiados de familiares de membros do Governo que fizeram negócios com entidades de Estado”. Poucas dúvidas existiam e ficaram desfeitas quando se aborda temas como este há que realizar análises concretas sem demagogia, afinal queremos afastar da política ativa todos os indivíduos cujas famílias são proprietárias de empresas que trabalham com o Estado? Não vejo nenhum interesse em que isso aconteça, afirmo sem nenhum pudor que as dúvidas que levaram ao pedido deste parecer foram motivadas por manobras políticas e nada mais.
A grande discussão da semana foi em torno do vencedor do debate entre António Costa e Rui Rio, muito mais do que sobre o que foi dito. Para mim Rui Rio apresentou-se melhor preparado do que anteriormente mas mais uma vez a sua comunicação e falta de “instinto assassino”, como referiu Daniel Oliveira, dificultaram a sua tarefa, no entanto gabo-lhe a sinceridade com que aborda temas sensíveis. António Costa mostrou-se novamente tranquilo e confortável respondendo tanto ao moderador como aos ataques de Rui Rio sempre com a informação na ponta da língua. Aos pontos aceito que se fale em um empate até porque as expectativas eram muito baixas em relação ao que Rui Rio poderia fazer, era até temido por alguns comentadores que fosse goleado. Eleitoralmente, António Costa ganhou e bem, e é de eleições que estamos a falar.
Em relação ao debate a seis promovido pela RR, TSF e Antena1 quero aproveitar para dar os parabéns aos moderadores, bateram a mil os moderadores das televisões e as suas questões foram mais pertinentes, não tomaram partido nem usaram de laivos de arrogância como por vezes temos vislumbrado.
Vários temas importantes como a Segurança Social e a reforma do sistema político nos permitiram perceber como os diferentes candidatos olham para o futuro do nosso país e não querendo criar aqui uma tabela classificativa claramente há vencedores e vencidos.
O líder do PAN é claramente um derrotado, mesmo que isso já fosse previsível, no entanto, é quase constrangedora a forma como foge às questões concretas para se refugiar em chavões, quase tão constrangedora como é a sua proposta de reduzir de 22 para 9 círculos eleitorais.
Também considero a líder do CDS uma das derrotadas do debate, insistindo em não respeitar nada nem ninguém, insistindo em não responder às perguntas que não lhe interessa responder, mas nunca se esquecendo de ser arrogante.
Não consigo considerar Jerónimo de Sousa um dos grandes vencedores no entanto considero que esteve muito bem em determinados pontos e muito bem preparado, nomeadamente quando abordou o círculo eleitoral de Portalegre que só elege dois deputados apesar da extensa área. Faltou algum palco ao líder do PCP e ele não o criou mas acho que correspondeu bem às exigências do debate e sinceramente acho que pode capitalizar as suas posições.
Pareceu-me que Catarina Martins foi uma das vencedoras do debate, sempre muito assertiva e de resposta rápida desmontando facilmente as propostas dos outros partidos em questões sensíveis como a Segurança Social. Apesar das bicadas foi muito mais acutilante a direita e com o PAN do que a esquerda o que pode significar que nem tudo está perdido em relação à geringonça.
António Costa vence claramente o debate quando nem por um momento ter sido encostado à parede, foi ele aliás que atacou mais vezes a falta de coerência e de conhecimento dos seus adversários políticos.
Este modelo de debate permitiu explorar as diferenças entre os candidatos e perceber verdadeiramente o seu grau de preocupação com as temáticas, espero que o próximo debate a seis seja ainda mais esclarecedor.

Sem comentários:

Enviar um comentário