segunda-feira, 4 de junho de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: Agora com mais calma

Por:
Rodolfo Colhe


Agora com mais calma

Há temáticas que merecem uma reflexão menos a quente e o mais abrangente possível, coisa que em cima dos acontecimentos por vezes se torna impossível.

Muito sinceramente, passados alguns dias sobre a votação da legalização da eutanásia a minha irritação com o resultado mantem-se elevada, e após ter tido a possibilidade de assistir não na integra, mas a uma parte das intervenções, fiquei de boca aberta com a falta de argumentos e com o uso abusivo de mentiras e frases feitas sem o mínimo de sentido, com o intuito único de passar a mensagem do “Por favor não matem os Velhinhos” (quase tenho pena da jovem que empunhou o famoso/vergonhoso cartaz).

Esta votação merece uma reflexão de vários prismas e podemos começar por analisar a posição dos deputados do PSD, que tendo liberdade de votar (coisa que todos deveriam sempre ter) optaram maioritariamente pelo voto no NÃO, quando o seu líder afirmou que votaria SIM ficando uma vez mais demonstradas as diferenças de pensamento entre os deputados do PSD e Rui Rio, bem como a falta de poder que o líder exerce sobre os seus deputados.

Possivelmente, a posição que mais “consequências”políticas poderá vir a ter é a posição do PCP que, volto a dizer, ficou do lado das Igrejas e da Direita, com quem sempre teve dificuldade em conviver, alinhando numa campanha como aquelas que eles próprios sofreram ao estilo “os comunistas comem criancinhas”. Acredito seriamente que esta opção foi principalmente tomada por razões populistas devido à percentagem de eleitorado envelhecido do PCP e em grande parte também pela força que os médicos têm dentro do PCP. Parece-me que duas consequências negativas podem advir desta opção, uma é o afastamento dos jovens do PCP ao perceberem que são totalmente conservadores e avessos à mudança, algo que é contrário á fome de mudança que a maioria dos jovens tem. A outra consequência é das duas a que pode alterar o panorama político, que é a posição que o Bloco vai tomar em relação ao PCP. Não me parece que a forma como os segundos contribuíram para o chumbo da legalização da eutanásia e a postura que tomaram durante o debate vá ser esquecida e cheira-me que as trocas de argumentos que já começaram durante o debate não vão parar quando estamos a pouco mais de um ano das eleições legislativas e a menos de um ano das europeias.

É concreto que o Bloco necessita de chegar ao eleitorado comunista para atingir a percentagem de votos que lhe permita não só ter base negocial com o PS mas também vincar a posição de terceiro maior partido lugar que Assunção Cristas também luta por ter. Posso estar enganado mas para além da temática em si, a forma como todo este processo foi decorrendo ainda vai dar bastante que falar. 

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