domingo, 22 de outubro de 2017

ARTIGO DE OPINIÃO: Mais bom senso, por favor

Por:
RODOLFO COLHE
Presidente da Juventude Socialista
de Alpiarça


Mais bom senso, por favor

Como forma de introduzir um tema, começo com outro que à partida nada tem que ver, mas em que há um ponto em comum. Eu, como milhares de portugueses, uso pelo menos 5 dias por semana transportes públicos, e convém dizer que uso, não só, porque é mais barato, apesar de já não ser tão barato assim (e poderia escrever apenas sobre a necessidade de mudanças na CP), mas também porque prefiro em detrimento de ter que conduzir todos os dias. E de segunda a sexta assisto a situações que são de todo desagradáveis e nem me refiro à falta de noção das pessoas que falam ao telefone altíssimo durante toda a viagem ou as conversas em grupo sobre a filha da vizinha que incomodam todo o comboio, exceptuando, claro quem está na conversa. Esta semana em particular e num total de 10 viagens de comboio levantei-me do lugar onde estava para o ceder a grávidas e idosas, salvo erro por 5 vezes, e as pessoas que estavam sentadas ao meu lado nem olharam para as pessoas em clara dificuldade, e a isto se chama falta de bom senso, falta de noção da vida em sociedade, incumprimento da lei e por vezes falta de respeito. É certo que ninguém gosta de ir em pé, inclusive eu, não gostei e o mais certo é que todos os dias várias pessoas vão de pé o que levanta a dúvida da não introdução de mais uma carruagem na composição. Mas para mim é a falta de bom senso o mais importante nesta história, é sobre a falta de bom senso que quero falar após esta chamada de atenção para uma realidade que não é muito falada.
A falta de bom senso não é caso exclusivo dos utilizadores dos transportes públicos, e cada vez mais vemos essa falta de bom senso em toda a parte, e na minha opinião nos últimos dias tenho visto muita falta de bom senso. E eu próprio vou ter falta de bom senso político e falar sobre um tema que poderia querer enterrar, mas não consigo. Os incêndios em Portugal foram um desastre a uma escala desmedida e vieram provar que os nossos mecanismos de defesa a estes cataclismos são deficientes e necessitam de ser revistos. Mas não consigo deixar de ficar incomodado com o facto de que a primeira e principal preocupação durante bastante tempo fosse fazer cair a ministra. Desde já, posso dizer que não a conheço, nunca falei com ela, nem posso sequer dizer que é uma das pessoas pela qual tento equilibrar os meus raciocínios, mas o pedido de “sangue” foi, no mínimo, um absurdo quando ainda deflagravam tantos fogos em Portugal. Sempre achei que a ministra iria cair, tal como caiu, até porque mesmo não a conhecendo acho que humanamente não teria condições para continuar, mas gabo-lhe a capacidade para sair apenas após os incêndios estarem dados por controlados. E a questão aqui é bom senso, se após os incêndios de Pedrogão a Ministra se tem demitido ou tem sido demitida, quem fosse tomar o seu lugar no Ministério teria tempo de realizar a reestruturação que se impõe? Não iria a cabeça desse Ministro cair também, sem que tivesse sequer tido a oportunidade de tentar? Acho que a resposta é obvia, até porque não será nem num ano, nem apenas em uma Legislatura que os problemas serão todos resolvidos sendo que, também, tenho plena certeza que o atual governo pode não ter avançado o suficiente na resolução dos problemas, mas não os causou como o anterior.
Espero sentado para ver os críticos desvalorizarem as medidas que, com certeza, serão tomadas no combate aos incêndios. Espero também não ver mais matas de privados ou quintais por zelar, espero não ouvir críticas ao défice se este for mais alto do que o previsto por via de investimento na área da floresta e do combate aos incêndios. Espero não ouvir comentadores e políticos e políticas de trazer por casa, acusarem o governo sobre alterações que prejudiquem as empresas das madeiras e derivados.
Bom senso digo eu, bom senso.


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