Por: Rodolfo Colhe |
Sim a Eutanásia
Há determinadas temáticas que nos
fazem compreender que Portugal apesar de ser um país muito antigo, tem ainda
uma democracia recente e ainda como muitas reticências a mudanças
principalmente quando estão envolvidos princípios contrários à igreja católica.
Nos últimos dias a discussão
sobre a eutanásia atingiu um nível elevado na crispação, mas baixo e
deselegante no discurso, chegando ao ponto de ouvirmos termos usados
exclusivamente para casos de justiça.
Para que não existam dúvidas, claramente,
sou favorável à legalização da eutanásia, pois não compreendo que alguém deva
ser obrigado a sofrer vivendo sem esperança de dias melhores. Se queremos
liberdade devemos ter também liberdade de escolher se a nossa vida chegou ao
fim. Cada um deve ser dono do seu corpo.
Confesso que me tem causado
alguma confusão ver o PCP e a múmia Cavaco Silva (que a maioria esperava não
mais ver opinar sobre nada) estarem do mesmo lado e com a possibilidade de o
segundo vir a votar no primeiro, o que seria no mínimo surreal, como dizia um
humorista português esta semana “Ainda vamos ver Cavaco Silva na Festa do
Avante”.
Os argumentos do sim são claros e
concretos e na minha ótica, inegáveis, mas que argumentos usou o não? E
compreenda-se que estamos a falar de deputados na Assembleia da República e “opinion
makers” da nossa sociedade e não de cidadão comuns com todo o direito a estarem
contra a legalização. Estamos a falar de deputados eleitos pelo povo que têm a
obrigação de informar e representar da forma mais correta todos os portugueses.
Não é aceitável de todo o clima de desinformação criado à volta de uma temática
que podia alterar a vida de muitas pessoas e que para além disso seria, sem dúvida,
uma mudança no paradigma social da nossa sociedade que muito precisa de abrir
horizontes e se soltar de determinadas amarras que ainda prendem o
desenvolvimento social do nosso país.
O resultado não foi o esperado
mas o tema não morreu e um dia certamente a eutanásia será legalizada.
Para além da tristeza e quase revolta
da derrota o outro sentimento que fica é a dúvida quanto ao que faria o
Presidente da Republica.
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