Embora seja um texto um
pouco extenso, vale a pena ler e reflectir neste grito de dor e de revolta ainda com eco nos dias
de hoje, do ex-oficial
Comando Pedro Tinoco de Faria. Este sentimento de abandono e
esquecimento a que foram votados milhares de homens, jovens na altura,
vítimas da Guerra Colonial não tem razão de ser. Eles não instigaram a
guerra, não desejaram a guerra.. Eles apenas cumpriram ordens do Estado
Português! Foram feridos, estropiados, ficaram deficientes. Cabe ao Estado
Português a responsabilidade de olhar por eles e proporcionar-lhes um
resto de vida com a dignidade a que têm direito.
OS NOSSOS SOLDADOS E O MEDO DE EXISTIR
Segundo o Filosofo e pensador José Gil, pertencemos a um
espaço não publico todos nós, o Espaço Publico é definido pela politica e pelos midia.
Quem está fora do espaço publico, não é publico e por isso nao existe, é
não publico, não aparece, não altera, não muda embora tendo a ilusão que
está dentro está fora.
" Não há espaço publico em Portugal, porque este está
nas mãos de uma quantas pessoas cujo discurso não faz mais que alimentar a
inercia e o fechamento sobre si proprios da estrrutura das relações de
força que elas representam....os debates confinam-se a trocas de
opiniões entre homens politicos, sempre de um partido, visto que no mundo da
politica não ha espaço para ser independente, ou entre comentadores,
pretensos # opinian makers #, que dialogam constantemente entre si, em
circulo fechado "
Jose´Gil do Livro " Portugal hoje, o medo de
existir"
Hoje vim a correr de coimbra a lisboa, para estar presente
numa concentração em frente ao hospital Militar Principal de Belem, organizada
pelo General Médico João Bargão Dos Santos.
O tempo ajudou-nos nao chovia, uma multidão minima recheava a
rua com uma presença maxima de almas que ainda acreditam que fazer
qualquer coisa , seja o que for, vale a pena.
Esta multidão com mutilados de guerra, a maioria da geração
que fez a guerra colonial misturando-se a pele branca dos europeus e
negra dos combatentes africanos da Guiné, senti-me em casa.
Da nova geração de Militares do Pós-Guerra colonial eramos 3.
Estava representada a Associação dos Deficientes das Forças
Armadas.
O objectivo deste grupo de poucos que lutam por muitos,
reabrir as portas fechadas do hospital militar à familia militar, não só
para os mais velhos , mas tambem para assegurar a todos os que não
estiveram presentes, uma saúde e uma segurança na velhice , numa
instituição militar e alertar para as condições miseraveis em que estão a
morrer jovens de ha 40 anos atrás que deram pela sua Pátria o melhor que tinham.
É sem duvida importante o Casamento de homosexuais, é
importante lutar contra o assédio e acabar com a sedução, é importante que
cãés e crocodilos comam nos restaurantes, é importante que o
Presidente da Republica na Grecia prometa a um Sirio que lhe vai arranjar
emprego num pais com uma taxa de desemprego altissima, é importante
fazer de conta que nos ralamos , mas na realidade estamos nos todos a
marimbar uns para os outros.
As ausências têm uma narrativa, os espaços vazios na rua,
entre os carros, as pedras sem os sapatos a pisa-las, a ausência do
burburinho e clamor de uma multidão, o vazio desta concentração fala
tambem e inscreve no futuro das Forças Armadas e da essência do SER
SOLDADO, uma sentença de morte.
Embora O meu General tenha dito " somos poucos mas
bons", essa frase heroica não serve os tempos de hoje, servia em
combate , cercados por turras. Hoje o combate é outro, nem estamos
cercados por turras, estamos cercados e rodeados por acomodados à
normalidade da imoralidade, às quintas e ao politicamente correcto, as
ausências e o espaço entre as pedras, o silêncio da calçada e os pombos que continuaram a
cagar dos beirais, chocou-me , deixou triste, mas não desanimado
Hoje senti ali , ao ver aqueles homens de muletas, cegos e
sem braços, pretos e brancos vestidos de forma humilde, combatentes e
soldados de Portugal, senti falta de muitas ausências que deveriam ter
sido a alegria de muitas presenças.
Sr. Presidente da Republica senti a sua falta, poderiamos ter
tirados uma selfie e poderiamos ter dado um beijo.
Sr. CEMFGA, que forma mais honrosa de começar o seu mandato ,
como apoiar como militar e General , esta causa com a sua presença, ao
lado dos esquecidos da Pátria, dos que morrem na miseria porque a Saude é um
negocio e o hospital militar faz parte dessa estrutura suja e corrupta da
negociatas.
Sr. CEME, consigo já não falo, já sabia que não vinha, nem o
seu amigo Ministro da Defesa, a sua imagem aos olhos da Nação está
desenhada. Senti falta da SIC, DA RTP, da TVI, mas tambem já sabia que
não vinham, e as radios, não vieram e os pasquins e jornais nao
vieram,, estavam todos na manif da CGTP, muito mais importante e
colunavel, não vieram porque lhes deram ordens expressas para não vir.
AOFA, LIGA DOS COMBATENTES, ANS, ASMIR, AP, e todas as
associações Militares, senti a vossa falta, quando chegara o dia em que a
união é mais importante que o protagonismo? Afinal tanta conversa e
estamos festarolas, se nada acontece e nada acontece , porque não
entenderam que a competição só gera perdedores e vencedores e nós somos os perdedores.
Senti falta de todos os Militares jovens , Oficiais,
sargentos e praças e suas familias os benificiarios maximos da luta deste
grupo que de tão pequeno se torna tão grande pela inquietude, pela satisfação da
sua insatisfação, pela vontade de despertar.
Cantamos o hino Nacional, gritamos por Portugal, e pela
ausência aprendi uma lição....
" Somos poucos mas bons" e os poucos poderão fazer
muito, por muitos que se acomodaram aos seus sofas e á sua vidinha confortavel
de : não vale a pena , não adianta, parece mal, é o medo de existir.
Os meus Parabens ao General João Bargão Dos Santos pela
coragem e para mudar as coisas só criando um espaço Publico alternativo ao
que existe e para isso é preciso o principio da massa e o da concentração.
«Pedro Tinoco de Faria/Manuel da Costa».
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