Foto de Arquivo
Minhas senhoras e meus senhores
O Enterro vai começar
Andava tudo sossegado
Mas a paz vai acabar
Tomem lá muita atenção
O forró vai-se iniciar
Agitem o cú nas cadeiras
Com as bombas que vão rebentar
Eu sei que muitos de vós
Têm os ouvidos sensíveis
Tenho pena de vocês
Vão ouvir coisas terríveis
Sabemos que é sempre assim
Neste fim de Carnaval
Tudo o que hoje aqui dissermos
Ninguém nos levará a mal
Este Enterro é de alegria
Sempre gozão e bem-disposto
É uma festa em cada ano
Ninguém sai daqui com desgosto
Não vou ofender ninguém
Apesar do meu tom trocista
Apontado à falsa gente-bem
E ao mais refinado vigarista
Os meus donos coitados
Foram apanhados distraídos
Eu bem os tinha avisado
Mas não me deram ouvidos
Quando chega esta altura
Todo o cuidado é sempre pouco
Quando vieram pra me roubar
Gritei até ficar rouco
Como são gente de bem
Acharam que eu era tolo
A gritar de alegria pelo clube
Ter marcado um grande golo
Para a próxima estão avisados
Boa gente do Carvalhal
Desconfiem de tudo e de todos
Quando chegar o Carnaval
Pra que tudo acabe bem
E eu não tenha um triste fim
Tenham fé em Deus e rezem
Mas rezem muito por mim
Dizem que fui emprestado
Mas estou com medo do alguidar
Os da Comissão são mentirosos
Queridos donos venham-me salvar
Seguem-se agora os versos
Que muitos nem querem ouvir:
Conspiram sempre na sombra
Não querem ver ninguém sorrir
Acham que é uma fantochada
Uma coisa de gente rasca
Dizem ao povo pra se afastar
Por isto ser pior que uma tasca
Não querem que falemos dos podres
Nem da grande corrupção
Das falcatruas e dos roubos
Que nos deixam sem um tostão
Queriam que andássemos tristes
De cabeça baixa e bisonha
Que aceitássemos as porcarias
De gente sem nenhuma vergonha
Mas nós não somos assim
Nesta nossa galinheira
Vamos dizer as verdades
Sempre em tom de brincadeira
Acautelem-se maldizentes
Esta é a hora dos acertos
Quem não tiver um bom cú
Que não se meta em apertos
Alcoviteiras de merda
Agora é que vão ser elas
Sejam mulheres ou sejam homens
Vão levar umas boas galadelas
Há homens que eu bem sei
Que são gente do piorio
Passam a vida a maldizer
E a culpar o mulherio
Muito cuidado, gatunos e aldrabões
Que levam uma vida de luxo
Descubro-lhes aqui a careca
E arrebento-lhes com o bucho
Aos ladrões engravatados
E cheios de boas maneiras
Arrebento-lhes com o cú
Pra acabarem co’as caganeiras
E aos faz’tercos d’um cabrão
Que passam a vida a alcovitar
Espeto-lhes o meu bico no cú
Pra deixarem de cagar
Por estranho que pareça
Hoje a Música não nos faz companhia
Mas que não seja por isso
Que nos acaba a alegria
Os tempos que agora vivemos
De guerras que não têm fim
Levam os homens a esquecer
Que nada funciona assim
Esqueçam as desavenças
Os conflitos e a porrada
Não vamos a lado nenhum
Isto assim não leva a nada
Pensem só um bocadinho
Não vale a pena desistir
Esta vida são dois dias
É melhor sabermos rir
A falta dos músicos acontece
Uma vez em cem anos, quem diria
Pró ano contamos convosco
Pra animar esta folia
As minhas tripas vou deixar
Ao jovem que é fandanguista
Não é artista mas tem mania
Coitado ainda lhe cai a crista
Voltou um dia a dançar
Passada quase uma eternidade
Ele mal conseguia saltar
Mas nunca culpou a idade
Aos contentores do lixo
Um peidinho aqui lhes dou
Pra ficarem mais malcheirosos
Juntamente com quem não os lavou
Ai Alpiarça Alpiarça
Com esta história que me espantou
Agora tens um cavalo novo
Que renega o nome de quem o encontrou
Ao voar pelo Carril
Um placar eu encontrei
Tinha uma fotografia tão bonita
Era a do melão, nosso rei
Em Alpiarça há só duas razões
Pra maldizer à descarada
Há os que maldizem por tudo
E os que maldizem por nada
É por isso que Alpiarça
É diferente de Almeirim
Aqui acham-se com graça
E ninguém se acha ruim
Somos uma terra feliz
Porque aqui ninguém nos ralha
A ninguém estala o verniz
Por dá cá aquela palha
Ensinaram-me desde cedo,
Digo e sei que não falho,
Sigo o exemplo dos velhos:
Nunca pego e nunca ralho
Alpiarça é bem diferente
Aqui toda a gente se estima
Mas se acordo de cu pró ar
Ainda te cuspo pra cima
Ai Alpiarça, Alpiarça
Quem te viu e quem te vê
Todo o mundo se odeia
Vá lá saber-se porquê
Às ervas cá do sítio
Uma bicada lhes dou
Assim como ao funcionário
Que as viu e não as arrancou
À sanita da rua Ricardo Durão
Uma cagadela lhe vou dar
Uma também para o emigrante
Que não parou de falar
O meu empenho aqui deixo
Ao emigrante dos STEITES
Que nunca pára de cantar
Com o cu sempre por limpar
Uma menina do Facebook
Passa a vida a publicar
Mas se o cliente se atrasa
Começa logo a ralhar
Uma tripa cheia de merda
Vou deixar à sua caução
Que agora só é tratada
Com o dinheirinho na mão
O que não deve não teme
Lá diz o velho ditado
Mas para quem diz a verdade
O perigo está por todo o lado
Pra quem fala e faz-se ouvir
E não tem nada a perder
Deve estar bem preparado
Pró que lhe pode acontecer
Uma pessoa de Alpiarça
Que sempre falou as verdades
Tem sofrido por isso mesmo
As maiores vinganças e falsidades
Fazem-lhe a vida negra
E castigam-no duramente
Até as cabras lhe envenenaram
Os cobardes impunemente
Cortaram-lhe as rodas do carro
No quintal largaram arma de guerra
Têm-lhe feito o que quiseram
Tudo acontece nesta terra
Os cobardes podem continuar
A tentar fazer-lhe mal
Que ele não vai desanimar
Porque lhe sobra moral
Nesta terra sossegada
Ir na rua é um prazer
Aqui não se passa nada
Parece que ninguém nos está a ver
Nem sempre o que parece é
As coisas não são bem assim
Há três gorilas sempre atentos
A vigiar-nos dia sim, dia sim
Olham quem passa dia e noite
Parece que tiram fotografias
Espiam os passos de todos
Os que trabalham todos os dias
O que se passa nesta terra
Para sermos tão vigiados?
Temos por cá criminosos
Ou andamos a ser enganados?
Nós vivemos em liberdade
Para viver como queremos
Mas nesta terra democrática
Há gorilas que vigiam o que fazemos
Perguntamos o que se passa
Para quê esta humilhação
Não queremos voltar ao passado
Acabem com esta situação
Anda aí um supermacho
Por estranho que pareça
Sempre que vê uma mulher
Despe-a dos pés à cabeça
A pobre-coitada nem sabe
Que nem pode andar na rua
Pois sempre que passa por ele
É como se fosse toda nua
Ele inventou um dicionário
Com os nomes das passarinhas
Sempre que fala em GAJAS
Só pensa nas suas rolinhas
Naquela cabeça maluca
Só vê o pito, a rola e o vulcão
A garganta, o pipi ou o bicho,
A flor, a boca-do-corpo e o alçapão
Vê uma pachacha e rima logo com racha
Delira com uma pássara e apetece-lhe dar tiros
A doença e a fomeca são tantas
Que já apanhou o CONAVÍRUS
O barba-branca pensava
Qu’ainda era garanhão
E nunca quis acreditar
Q’as coisas já não são o que são
Andava lá pela barragem
Da água toda esverdeada
Sentiu uma dor na bexiga
Mas pensou que não era nada
Às tantas a coisa apertou
E teve que ir logo a correr
Para trás duma oliveira
Para as suas águas verter
Só que havia gente por lá
E não se pôde aliviar
Teve que ir à pressa pra casa
Mas não conseguiu aguentar
Mijou e cagou a roupa toda
Virou a casa de pernas pró ar
A mulher até vomitou
E o casamento quis acabar
Ah barbas meu bom amigo
Nunca esqueças o que te disse
Deixa de armar em barrasco
Estás às portas da velhice
A professora ensinou
Que o que acontece é um facto
O aluno não percebeu
E apareceu na Escola de fato
Chegou da escola a casa
E foi dar à mãe um cágado
Lembrou-se do Acordo Ortográfico
E disse dar-lhe um “cagádo”
A mãe não reparou
E ralhou com irritação
Ao filho que lhe oferecia
Um animal de estimação
O desacordo ortográfico
Tem merdas destas até mais não
Mas obrigam-nos a usá-lo
De arreata pela mão
O português não é burro
E recusa engolir a chupeta
Por saber que em lado algum
Aceitam Acordos da Treta
Anda pr’aí um tirano
Que acha que pode por e dispor
Das vidas de cada um
Mas que grande é o estupor
Só porque foi um dia eleito
Subiu-lhe à cabeça o poder
Acha que agora nada o impede
De fazer só o que quer
Os que são subordinados
Têm que concordar com tudo
Senão aquela excelência
Nem os deixa chegar ao Entrudo
Inventou uma nova Sibéria
Em tudo manda e tudo é seu
Se o contestam vão desterrados
Lá pra baixo pró Museu
E para quem lhe o enfrenta
Não está com meias medidas
Afasta todas do caminho
Para acabar com as suas vidas
Aqui deixo o meu reparo
Acabem co’as perseguições
Todos ficamos a perder
Aprendamos com as lições
O Chico com a mania de esperto
E sem vontade de trabalhar
Foi à apanha da azeitona
Sempre co’a cabeça no ar
Arranjou uma desculpa
E disse que ia cagar
Foi pra trás de uma oliveira
Calça abaixo e cú ao ar
Um rafeiro alentejano
Cheirou-lhe a cú e a cagalhão
Ficou logo c’o pau espetado
E quis dar-lhe uma de cão
O Chico ficou à rasca
E fugiu a bom fugir
Com o cagalhão entalado
E o cão atrás dele a latir
A malta do rancho parou
E foi a chacota geral
O Chico com as calças na mão
A fugir do animal
Ela tinha a mania
Que era boa cozinheira
Mas do que ela gostava mesmo
Era da bela farinheira
Distraía-se e atrapalhava-se
A cozinhar o bacalhau
Com o pensamento quase sempre
A lembrar-se de um certo pau
Não era pau de virar tripas
Desses não queria saber
O que lhe deixava água na boca
Punha-a molhada de prazer
O pau de que se lembrava
Quando estava a cozinhar
Com cor e forma de chouriço
Deixava-a toda a babar
Esta cozinheira maldosa
Com ideias a escaldar
Põe piri-piri no guisado
Prá coisa ficar a estalar
Se forem ao seu restaurante
E lá comerem um jantar
Ganham tusa num instante
E grande vontade de espetar
Aos casalinhos apaixonados
Um verso lhes vou dedicar
Limpem bem o local amado
E não andem com o cu cagado
Aos curandeiros cá da terra
O meu esporão vou deixar
Sejam sempre mais honestos
Não se escondam porque os vou achar
À protecção civil cá do sítio
As minhas penas lhes deixo
Façam lá um casaquinho
E batam menos o queixo
A um relógio de ponto
Uma bicada vou dar
Certo dia às três da tarde
O malvado deixou de trabalhar
Ai meu galo meu galinho
Não há meio do autocarro chegar
Ainda vais para a reforma
Sem o bendito te visitar
Santos da casa não fazem milagres
Diz o povo com razão
Mas isso só acontece
Quando uns trabalham e outros não
Passam a vida a fazer nada
A bater beatas e ver televisão
Criticam os que fazem pela terra
E pregam-lhes pregos no caixão
Para os que fazem o bem
Eles respondem com o mal
Por isso o povo anda descontente
E com cara de funeral
Há muitas ideias e intenções
Para que possamos progredir
Mas essa gente de má raça
Caga nisso e fica-se a rir
É por isso que Alpiarça
Está a cair aos bocados
As casas estão uma desgraça
Com fendas por todos os lados
É preciso reagir
E fazermos pela vida
Temos que puxar pró mesmo lado
Pra que Alpiarça progrida
O que se passa na Música
Deixa-nos muito intrigados
Os músicos meteram baixa
Estão doentes e desanimados
As coisas deram pró torto
E a Filarmónica parou
Nem vieram ao Enterro
Estou triste, ai isso estou!
Pela primeira vez em cem anos
Os músicos não estão aqui
É um mau sinal dos tempos
Sinto que algo perdi
Perdi eu perdemos todos
Por vermos as coisas tão mal
Assim não iremos longe
Parece estarmos noutro funeral
Faço votos pra que a Música
Volte a ser o que era
Porque depois deste Inverno
Chega uma nova Primavera
O jornal da nossa terra
Nunca traz nada de novo
Agrada só a uns poucos
E em nada educa o povo
Quem lá está e em tudo manda
É quem pode pôr e dispor
A antiga Voz é uma saudade
Esta perdeu toda a cor
Notícias são só de alguns
O importante é ignorado
Como se na nossa terra
Houvesse o filho e o enteado
Senhor Bispo de Santarém:
Não queremos meter o bedelho
Mas o que pensa desta Voz
Pintada a tons de vermelho?
Não dá para acreditar
No que se passa no jornal
Transformado num Boletim
Da Câmara Municipal
Esta Voz é a da Igreja?
Há lá coisas que estão mal
O que é que disto pensa
O Reverendíssimo Cardeal?
Para quem vem de Almeirim
Pela estrada da Gouxaria
O cheiro a merda até engasga
Da ETAR com tanta porcaria
Para quem vem da Chamusca
Pela Zona Industrial
O pivete a couves podres tresanda
Cheira a peidos, cheira mal
Quem chega pelo Casalinho
O cheiro a peste é demais
Por causa da merda dos porcos
Das descargas ilegais
Pra quem entra em Alpiarça
Pela ponte da Vala Real
Não há-de achar nenhuma graça
Àquela desgraça ambiental
Sete e sete são catorze
E mais sete vinte-e-um
Cheira a merda em todo o lado
E não gosto de nenhum
Se assim cuidam de Alpiarça
Os que estão agora a mando
Melhor limpassem o cú
A todo este desmando
Temos acessos grandiosos
Quatro formas de cá chegar
São bem-vindos os visitantes
Nenhum se venha queixar
Vamos criar uma indústria
De máscaras de gás pra vender
E saudar qualquer turista
Que aqui não queira morrer
Devemos criar outra indústria
De perfumes e companhia
Pra dar a conhecer ao mundo
Que somos reis da porcaria
Saudamos as mentes brilhantes
Que fizeram ali a ETAR
P’lo cheiro a merda constante
Melhor fossem todos cagar
Saudamos quem limpa os depósitos
E da Vala faz esgoto a céu aberto
Continuem porque estão à vontade
Prá Câmara bate sempre tudo certo
O meu testamento é longo
Mas não podia deixar de falar
Nas gretas atrasadas
Que pró relógio não sabem olhar
Uma bicada também vou dar
Ao telefone do centro de saúde
O malvado não pára de tocar
E nunca há mãos para o pegar
Canto eu do meu poleiro
De peito feito sempre a ralhar
Com a bendita organização
Que o teste de som não soube parar
Um peido muito bem passado
Vou deixar a um ensaiador
Por ser sempre tão cagão
E tão pouco trabalhador
Ao pintor vira-casacas
Uma bicada lhe vou dar
Trabalhe mais e melhor
E não ensine tanto a roubar
Ao viúvo desesperado
Que a pasteleira procurou
Um peido daqueles valentes
E repenicados lhe dou
À autoridade cá do sítio
Olhos bem abertos lhe vou dar
Para ver os carros mal estacionados
Que andam para aí a atrapalhar
Ao porta-chaves minorca
Um conselho aqui lhe dou
Não deixe o seu carro à sombra
E não reclame com quem o multou
É morena e gorduchinha
Sem medo de aplicar a lei
Uma viva aqui lhe deixo
Em nome da nossa grei
Aos exaltados da festa
Um conselho aqui lhes dou
Não sejam tão espalhafatosos
Com quem um teste de som realizou
Fui há dias ao Paul
Ver peixe morto envenenado
Porque um agricultor lavou depósitos
Sem ali ter qualquer cuidado
Por lá passou então alguém
Que chegou sem avisar
Para retirar alguns peixes
E os mandar analisar
Levou-os ao laboratório
Mas para espanto do mundo
As análises só eram feitas
A peixe que fosse moribundo
Ninguém sabia explicar
O que era isso de moribundo
Ao que ele explicou
Que era peixe que não ia ao fundo
Nem ao fundo nem acima
Moribundo de bebedeira
Umas vezes dá pró sério
E outras dá prá brincadeira
Sempre que agora quisermos
Mandar o peixe analisar
Emborcamos-lhe pela boca abaixo
Uns tintóis pr’ó despertar
Anda aí um figurão
Está em todas e não faz nada
Passeia em toda a região
De patuscada em patuscada
Sabem o que devem fazer
Se o quiserem encontrar
Procurem pelas almoçaradas
De certeza que lá vai estar
Diz promover o turismo
E ser amigo do Ribatejo
Mas só nos anda a lixar
E a promover o Alentejo
Somos piores que parolos
Nós não somos mesmo nada
O que é pra ele o Ribatejo?
Tintóis, petiscos e tourada
É preciso dizer não,
Ter tomates e ser do Tejo
Queremos a nossa identidade
Queremos de volta o Ribatejo
Nesta santa terrinha
Há má-língua a valer
Muitos só sabem criticar
Mas nada sabem fazer
Cá no burgo há uns senhores
Que passam a vida a criticar
Quando há coisas bem-feitas
Calam-se e põem a cabeça no ar
Sempre a alertar pra questões
Antes de algo acontecer
Até parece que há uma estrelinha
A mandar recados p’ra ferver
Falámos aqui dum jornal
Mas há outro a mirar
Que aparece sempre pronto
Nos dramas de faca-e-alguidar
É o jornal da facada
E só do que querem contar
Do malvado que por vingança
Foi ao quintal do vizinho cagar
É um jornal sempre cheio
De notícias com muito brilho
Da tia chique que se peidou
E do mais disparatado sarilho
Sem esquecer o JÉTE-SETE
Dos notáveis feitos à pressão
De endinheirados troca-tintas
De fortunas feitas à comissão
Queremos uma comunicação social
Com notícias boas pré gente
Para bem da democracia
E do nosso povo decente
Um anormal cá da praça
Só vê mulheres sem vestidos
Mas há uma tia muito chique
Que só vê os homens despidos
Esta tem um dicionário
Para falar sem hesitação
Das partes que deles mais gosta
Quando lhes imagina o bastão
Fala da trave e imagina o cacete
E sonha-lhes com o pau, a banana,
A terceira perna, o martelo, a vara,
O barrote - Ah tia de um grande sacana!
Pra certas pessoas sensíveis
Só lhes fala em pilinhas
E dos calores que a apertam
Quando imagina as cabecinhas
Mas o que pensa é no martelo,
No músculo do amor e no pepino,
Embora para disfarçar
Possa falar no coiso pequenino
Gosta mesmo é das trombas.
Quando sai a passear
Vê os homens todos nus
Com os badalos a-dar-a-dar
Tem uma cara de santinha
E uma pose angelical
Mas é uma cobra disfarçada
E um autêntico animal
À tangerina inflamada
O meu peito aqui lhe deixo
Para aprender a dançar
E não andar sempre a dar ao queixo
Deixo-lhe também as minhas tripas
Cheias de merda a abarrotar
Para parar de falar
Daquele que tanto diz desprezar
Deixo-lhe as minhas penas do cu
Acompanhadas de um espelho
Não fale tanto nos outros
Olhe mais plo seu fedelho
Deixo-lhe o meu testamento
Era isso que ele mais queria
Não seja tão ganancioso
Nem sabe o bem que lhe fazia
Ao Salazar pequenino
Um louvor aqui vou dar
Pela Quinta da Atela
Que está a saber recuperar
Lindas donzelas que são
Andam sempre de braço dado
Uma tenta levar a reforma
Ao velhote muito afamado
Coitado deste velhinho
Nem com Viagra a coisa arrebita
Mas as donzelas estão desejosas
Que ele lhes dê toda a guita
A estas duas lhes deixo
Muita vontade de trabalhar
Para não andarem pelas ruas
Sempre e sempre a passear
Dançando de peito feito
Com a cisterna a bailar
Das tripas merda lhe sai
De tanto se escagaçar
Deixo-lhe todo o meu empenho
E toda a minha dedicação
Varra o chão bem varridinho
Antes que dê um trambolhão
60 penas vou deixar
A um grupo aqui vizinho
Por não saber estar presente
Na festa do pão e vinho
Um dos olhos vou legar
Ao dono da caixa preta
Para não desviar a carta
Que já tinha ido aberta
É verdade verdadinha
Esta história que vos conto
Desviaram a bendita carta
Que estava dirigida ao ponto
Deixo-lhe merda malcheirosa
Para a próxima carta que abrir
Saiba ler o destinatário
Para a história não se repetir
Alpiarça é a minha terra
E um pontinho do planeta
Nela, e em todo o lado,
Os políticos são da treta
De cinzento estás vestida
Oh querida e rubra Alpiarça
Não deixes que continuem
A deixar-te comer pela traça
Querida terra velhinha
De lutadores camponeses
Hoje dominam por cá
Os novos-ricos burgueses
Lutou-se pela democracia
E foi uma dura luta
Mas há quem queira tudo destruir
Grandes filhos de uma puta
Como em tudo neste mundo
Há muita contradição
Dos teus filhos és madrasta
Faz doer o coração
Nesta nossa querida terra
Defenderam-se muitos valores
Os tempos hoje são outros
Aos burros chamam doutores
Disse-me um dia com graça
Uma pessoa que eu cá sei
Nesta terra de Alpiarça
Quem tem um olho é rei
Quem tem olho e um bom Partido
Acrescento logo a seguir
Porque sem isso nem pensar
Ninguém consegue subir
Voltámos ao antigamente
E ao tempo dos padrinhos
Se quiseres ser alguém
Tens que untar muitos focinhos
Por isso vamos com calma
Porque o povo é sereno
A corrupção é uma selva
Mas o clima é sempre ameno
Se quiseres subir na vida
Deves ir para advogado
E ter assento no Parlamento
Que é o sítio mais indicado
Os deputados são eleitos
Para nos irem defender
Mas só se governam a eles
E mandam-nos a todos… DAR UMA CURVA
(não rima com defender,
porque aqui não pode ser)
Quem cultiva a nossa terra
Disto deve estar consciente
Adubos a mais é que não
Porque a deixam doente
Trabalha-se pra sobreviver
Tudo isto dá pra pensar
Corremos todos o risco
De a natureza matar
Penso nas nossas antigas árvores
Cada uma foi abatida
Vamos ficando sem sombras
E aos poucos acaba a vida
Na nossa Estrada do Campo
No passado tão verdejante
Sobram árvores solitárias
Para abater num instante
Pela Estrada passei eu
Os meus pais e os meus avós
Passam agora os meus filhos
O que lhes deixamos nós?
Estrada do campo velhinha
Pintada de um verde intenso
Vamos dar-te a antiga vida
É isto mesmo o que penso
Lembro os bailes dos Águias
À antiga e com saudade
Só se lembra deles ainda
Quem está com a minha idade
Foram tempos grandiosos
Tempos que já lá vão
Com as salas sempre cheias
Com as danças no salão
O Clube sabia viver
Com ciclismo e com cultura
E conseguiu sobreviver
Nos tempos maus da ditadura
Por isso vou recordar
Lima Fernandes, pai e filho,
E outros grandes ciclistas
Que pedalaram com brilho
Na secção cultural
Mesmo sendo noutra altura
Os sócios sentiam orgulho
E gostavam de literatura
Hoje os tempos são outros
Não há gosto pela leitura
A secção já fechou
Nada ficou, nada dura
As bicicletas não correm
Os livros deixaram de sair
Para onde vamos oh Águias?
Queremos o Clube a progredir
A minha garganta vou dar
À banda de lá de baixo
Por este ano não me acompanhar
Nesta minha ida para o tacho
A um pintor muito afamado
Um peidão aqui lhe dou
Por meter sempre menos tinta
Nas paredes que pintou
Ao semáforo dos bombeiros
O meu esporão eu lhe dou
E um peido de canhão
A quem lá o colocou
Ao barista cá do burgo
Um relógio eu lhe ofereço
Saiba sempre abrir a horas
E não só perto do fecho
À menina engraçada
De salto alto sempre a andar
Que enquanto limpa a Caixa
Não pára de cacarejar
Ao saudoso Apolinário
De nome Ferreira de Oliveira
Amou Alpiarça e a Filarmónica
Dedicou-lhe a vida inteira
Aqui o recordo com saudade
Para não ficar esquecido
Porque nesta terra infelizmente
Anda tudo adormecido
Ao Tó Flor e ao seu Rancho
Que fundou na Casa do Povo
Amou sempre a sua terra
Tudo o que fez foi bom e novo
Também a ele não esqueço
É bom avivar a memória
Dos que por cá antes andaram
E aqui fizeram história
É bom que as novas gerações
Passem a ouvir falar
Destas pessoas da nossa terra
Que tanto a souberam honrar
Com o meu cú cheio de merda
Vou dar um peido malcheiroso
Para o senhor da pecuária
Que de noite teima em ser teimoso
Meu empenho vou deixar
À obra do nosso Mercado
Que não tarda está a acabar
E os portões ainda estão por colocar
O meu bico afiado vou legar
Às coscuvilheiras e alcoviteiras desta vila
Para mais tarde poder recordar
Quando um peidão lhes calhar
Um canto bem alto vou dar
A um funcionário da autarquia
Para se levantar a horas
Sem ter de ouvir a telefonia
As penas do cú vou doar
A um certo galaró emproado
O autocarro não há meio de chegar
Mas ele não pára de o apregoar
Tenho um olho bem aberto
Para os funcionários da autarquia
Que passam o dia a passear
Seja noite ou seja dia
Estou triste neste funeral
Com o corte dos choupos do Patacão
Coitados só serviram de cortina
Para o inverno e para o verão
Um certo senhor responsável
Uns grelhados ele já fez
No meu poleiro eu escapei
Por saber contar o 1, 2, 3
Minha tripa com merda vou deixar
Aos emigrantes reclamosos
Comam mais e caguem menos
E deixem de ser tão peneirosos
Eu galo não tenho pena de vocês
Estão nesse país porque querem
Regressem a Portugal na primavera
Há aqui bom trabalho à vossa espera
Quem trabalha lá trabalha cá
Trabalho é coisa que não falta
Deixem-se de grandes lamechices
Trabalhem gulosos e parem as esquisitices
Foi nas festas da paróquia
Que o verniz lhes estalou
Uns queriam o impossível
E só o jovem os calou
Coitado do senhor prior
Que satisfações quis tirar
Bateu à porta errada
Pois não conseguiu lá entrar
O Zé da Esquina tão afamado
Todo o gasóleo vendeu
Agora resta aquecer o banho
O povo não o esqueceu
O meu zelo vou deixar
A uma loja dos chineses
Não sejam tão desconfiados
Mas sim mais bem arrumados
Ao porta-chaves cá do sítio
Um peido forte lhe dou
Não seja arrogante e emproado
E sim mais bem-humorado
Chegou de mansinho
E a andar devagarinho
Coitada caiu das escadas
E bateu com o focinho
A esta menina de saltos altos
A minha bexiga lhe vou deixar
Para a poder oferecer
Aos colegas que tanto vão gostar
Há uma crítica no facebook
De que a autarquia não anda certa
Mas quando é preciso um pagamento
A autarquia tem logo a porta aberta
Este verão fui à barragem
Ai que cheirete lá estava
Com a água tão bem tratada
Pela empresa municipalizada
Um bate asas vou dar
Aos vândalos das cancelas
Estavam bonitas e tão belas
Se não fossem lá dar cabo delas
Para ficar engalanado
Chegaram e puseram os vasões
Para quem os foi lá pôr
Deixo-lhes os meus dois pimpões
Cuidado, anda aí um vírus muito perigoso
Só mata os homens e é muito contagioso
Ataca através de uma febre fatal
Todas as mulheres a têm e é sexual
A Directora-Geral de Saúde muito abonecada
Sempre de trapinhos muito carregada
Já foi confundida como directora de alguns xaropes
Da agência de modelos da Fátima Lopes
Não é de estranhar a sua apresentação
O anterior no seu cargo era um figurão
Aparecia com um lacinho de menino à PARVILOM
Era fundamental o lacinho não ter tanto COTON
É o CONAVÍRUS e dizem que está tudo controlado
Mas já foram muitos homens pró buraco
O CONAVÍRUS ataca os homens com os entreténs
E às mulheres dão-lhes os parabéns
Agora elas andam cheias de razão
Nem precisam de faca, veneno ou machadão
Atacam com esta febre conhecida
Mais fatal do que qualquer raticida
O CONAVÍRUS está a atacar em Portugal
Já cá deixou um imenso rasto mortal
Quando a febre ataca um homem, já não tem cura
Esta febre TIFÓIDASSE é com certeza uma sepultura
Homens, se não quiserem acabar neste pelourinho
Tratem as mulheres bem e com carinho
Sejam amigos, façam-nas rir e não chorar
Para que todas elas vos possam adorar
Este Enterro tão temido
Está quase-quase a acabar
Acho que foi divertido
Comigo sempre a aviar
Para os chico-espertos
De olhos sempre bem abertos
Para verem a quem roubar
Deixo-lhes até me fartar
Trampa a potes e a rodos
Para se banharem todos
E às regateiras,
Coscuvilheiras e casamenteiras,
Aos más-línguas e gargantas sem fundo,
Não deixo o que queria deixar,
Porque mesmo no outro mundo
Eram capazes de me vir desenterrar
Aos gulosos, aos linguareiros,
E aos ranhosos boateiros,
Deixo o bico e a crista
Para comerem com coelho,
Esperando que levantem a vista
E se vejam bem ao espelho
O testamento está no fim
Lembrem-se todos bem de mim
Podem sair, até para o ano
Não vieram ao desengano
Ponham a concertina a tocar
Agora todos vão balhar
Depois é hora de acabar
E podem por fim ir mijar
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