Por: RODOLFO COLHE
Num país tão pequeno em tamanho
como o nosso, é mais que natural que muitas e muitas pessoas terem uma
“costela” de alentejanos e outra de transmontanos sem que nunca tenham lá
vivido de facto, no entanto, existem pessoas como eu que não tenho essas ditas
“costelas” ou pelo menos não as considero ter. Sou Alpiarçolho e Ribatejano
apenas (o que já é muito).
Sou também forçado a admitir que
há em mim um carinho muito grande por Castelo Branco e pelas suas gentes que
tão bem me receberam durante três anos da minha vida e que guardo como três dos
melhores que já vivi. Se tivesse uma “costela” certamente seria albicastrense. Quando
durante esta semana li muitas notícias sobre o Boom Festival e as detenções que
ocorreram devido ao tráfico de droga fiquei preocupado pois sei a importância
do festival na zona. Para princípio de conversa como é óbvio em nada coloco em
causa a acção das autoridades que fizeram o que deve ser feito, nem vou
comentar sequer a forma como a comunicação social trata o evento não tendo por
exemplo dado destaque à participação de Hoffmann-Axthelm, co-fundador da
Campanha Internacional para a Abolição de Armas Nucleares (International Campaign
to Abolish Nuclear Weapons - ICAN) que já mereceu uma das maiores distinções do
mundo, o Prémio Nobel da Paz, em 2017 mas vou sim falar da defesa do evento e
da zona que vi ser feita por jovens da zona nas redes sociais.
Durante a semana li vários posts
e comentários em defesa do festival Boom e por parte de muitas pessoas que como
eu nunca foram ao festival e provavelmente nunca irão e que em nada se
identificam com ele, mas que sabem o quanto é importante para a zona, sem nunca
fugirem ao facto que o festival é alternativo e que sim circulam drogas dentro
do festival. Não sendo eu um festivaleiro, já fui a alguns festivais e a alguns
concertos onde infelizmente o consumo de drogas é um facto concreto e estamos a
falar dos mais conceituados como NOS Alive ou o Rock in Rio e os concertos no
Altice Arena.
Para mim o mais importante a
reter desta situação e o simples facto de que devemos defender a nossa zona e
as nossas origens, devemos assumir que somos do centro que não somos naturais
das grandes cidades do país e que isso nos envaidece.
Muitas vezes renegamos aquilo que
se passa na nossa zona porque até nem é do nosso total agrado ou simplesmente
por simples questões geracionais já não nos identificamos e não nos lembramos
da importância que tem para a vida das pessoas. Nós ribatejanos nem sempre
temos sido, salvo raras excepções, tão bons como devíamos a defender o que é
nosso, e nós alpiarcenses ou alpiarçolhos como preferirem raramente, nos
últimos tempos temos feito algo em grupo para proteger o que temos de melhor,
que consigamos seguir os bons exemplos daqui para a frente.
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