Por: Rodolfo Colhe |
Numa sociedade tão pluralista e
que oscila entre rural e o citadino, o retrógrado e o progressista, democratas
e os menos democratas torna-se difícil encontrar um tema que seja consensual e
isso salvo algumas exceções (racismo, xenofobia e questões legais que não vale
a pena aprofundar) é bastante positivo e é sinal de que vivemos em democracia.
No entanto há determinadas temáticas que são tão pouco consensuais que uma
grande parte da população e principalmente da classe política evita falar (o
que não é correto pois não deveria existir dúvida quanto à opinião dos
políticos no ativo sobre as diferentes temáticas), sendo exemplo disso as
touradas que o parlamento discutiu na última sexta-feira.
Antes de dar a minha opinião
sobre o tema prefiro opinar sobre a forma de difusão da opinião dos que estão
de um lado da barricada e dos que estão do outro. Ninguém tem o direito de
criticar alguém por ser vegan, homossexual ou negro, como ninguém tem o direito
de ofender ninguém porque é contra ou a favor da tourada, e isso acontece, e em
grande escala.
Compreendendo eu a opinião de
quem é contra, assumo com a maior das facilidades que sou pró-tourada e gosto
muito de touradas e que poucas vejo ao vivo com muita pena minha. Em casa dos
meus pais onde o conceito de democracia sempre me foi ensinado, assistir a uma
tourada era um programa de família, em jeito de brincadeira posso dizer que dos
poucos que mantinha todos acordados.
Para mim é impossível como
ribatejano de gema ser contra a tourada, está-me no sangue não o posso
explicar, e quando tenho de argumentar a minha opção tento faze-lo da forma
mais correta possível com base em conhecimentos científicos mínimos e muita
crença de que é correto e não com ofensas às opções de vida de quem é contra, mas
também não uso chavões e comparações que são de todo deploráveis como os anti-tourada
tem usado, tais como a “tortura como
forma de divertimento” ou anedóticas comparações com a caça de leões ou de
Girafas Negras para referir os exemplos da semana. Tal tipo de argumentos ao
estilo da usada por exemplo contra a legalização da eutanásia é de todo
demonstrativo da total necessidade de recurso ao populismo que se vive neste
momento.
Que a tourada nunca termine.
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