Por: Rodolfo Colhe
Agora com mais calma
Há temáticas que merecem uma
reflexão menos a quente e o mais abrangente possível, coisa que em cima dos
acontecimentos por vezes se torna impossível.
Muito sinceramente, passados
alguns dias sobre a votação da legalização da eutanásia a minha irritação com o
resultado mantem-se elevada, e após ter tido a possibilidade de assistir não na
integra, mas a uma parte das intervenções, fiquei de boca aberta com a falta de
argumentos e com o uso abusivo de mentiras e frases feitas sem o mínimo de
sentido, com o intuito único de passar a mensagem do “Por favor não matem os
Velhinhos” (quase tenho pena da jovem que empunhou o famoso/vergonhoso cartaz).
Esta votação merece uma reflexão
de vários prismas e podemos começar por analisar a posição dos deputados do
PSD, que tendo liberdade de votar (coisa que todos deveriam sempre ter) optaram
maioritariamente pelo voto no NÃO, quando o seu líder afirmou que votaria SIM
ficando uma vez mais demonstradas as diferenças de pensamento entre os
deputados do PSD e Rui Rio, bem como a falta de poder que o líder exerce sobre
os seus deputados.
Possivelmente, a posição que mais
“consequências”políticas poderá vir a ter é a posição do PCP que, volto a dizer,
ficou do lado das Igrejas e da Direita, com quem sempre teve dificuldade em
conviver, alinhando numa campanha como aquelas que eles próprios sofreram ao
estilo “os comunistas comem criancinhas”. Acredito seriamente que esta opção
foi principalmente tomada por razões populistas devido à percentagem de
eleitorado envelhecido do PCP e em grande parte também pela força que os
médicos têm dentro do PCP. Parece-me que duas consequências negativas podem
advir desta opção, uma é o afastamento dos jovens do PCP ao perceberem que são
totalmente conservadores e avessos à mudança, algo que é contrário á fome de
mudança que a maioria dos jovens tem. A outra consequência é das duas a que
pode alterar o panorama político, que é a posição que o Bloco vai tomar em
relação ao PCP. Não me parece que a forma como os segundos contribuíram para o
chumbo da legalização da eutanásia e a postura que tomaram durante o debate vá
ser esquecida e cheira-me que as trocas de argumentos que já começaram durante
o debate não vão parar quando estamos a pouco mais de um ano das eleições legislativas
e a menos de um ano das europeias.
É concreto que o Bloco necessita
de chegar ao eleitorado comunista para atingir a percentagem de votos que lhe
permita não só ter base negocial com o PS mas também vincar a posição de
terceiro maior partido lugar que Assunção Cristas também luta por ter. Posso
estar enganado mas para além da temática em si, a forma como todo este processo
foi decorrendo ainda vai dar bastante que falar.
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