segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

ARTIGO DE OPINIÃO: Defendam o Tejo

Por:
RODOLFO COLHE
Presidente da Juventude Socialista
de
Alpiarça

Defendam o Tejo

Sempre fui avisado, e bem, pelos meus pais que deveria ter muito cuidado (na verdade, eles não queriam era que eu fosse) quando ia a banhos ao Patacão. Todas essas recomendações tinham como razão de ser os fundões e a corrente que, muitas vezes, senti e algumas vezes chegaram a assustar-me apesar do cuidado que tinha. Outro tipo de recomendações que recebi em relação às idas a banhos no Patacão prendiam-se com o facto de as “águas estarem poluídas”, “o Tejo passa numa central nuclear”, “vai-te cair a pele”. Por sorte, ou não, nada de mal me aconteceu e com muito orgulho e alguma inconsciência mergulhei muitas vezes naquelas águas.
Mas hoje esses problemas não se colocam, por diversas razões entre as quais o cada vez mais difícil acesso ao Patacão seja pela estrada danificada ao ponto de ser difícil chamar-lhe estrada, seja pela falta de limpeza e criação de espaços para que qualquer pessoa aceda em segurança e com qualidade à areia. Outra das razões para esse problema não se colocar é também e, sem sombra de dúvida, a falta de água que é tanta que os problemas de corrente e de fundões pouco ou nada se colocam, por muito que esse problema seja pouco discutido na esfera pública, o poder politico, não digo no geral mas, com alguns presidentes de câmara como pontas de lança têm discutido bastante essa falta de água que nos leva a crer que é libertado pouco mais do que o necessário para manter o caudal ecológico, algo que não sendo um conhecedor e muito menos um especialista mas, sinceramente, não é preciso muita inteligência para perceber que aos poucos isto acabará por destruir o Tejo. Outra questão que não se coloca é a da falsa poluição, todos sabemos hoje que não é falsa e que é sim muito concreta e que é um problema cuja resolução é não só difícil como provavelmente mais demorada do que o caso exige. Sobre este caso há muitas coisas no mínimo fantásticas sendo uma delas a falta de cobertura por parte de alguns meios de comunicação que tal como alertou o Daniel Oliveira num dos seus artigos de opinião, são propriedade dos proprietários das fábricas, muito provavelmente causadoras de uma grande parte do problema, e depois não querem que duvide da seriedade de determinados meios de comunicação. Não será esta manipulação da opinião pública, crime? Crime moral é com toda a certeza.

Mas voltando aos acontecimentos estranhos, estranho a apatia do nosso executivo camarário em relação a este tema, apesar de todos sabermos que não só tem pouco a oferecer para a resolução como tem algumas dificuldades com as massas de água, como se comprova pela Barragem dos Patudos. Apesar de terem participado em algumas manifestações e atividades do género nos últimos anos, nesta fase decisiva em que as baterias até estão apontadas para os grandes capitalistas, o nosso executivo pouco ou nada tem feito ou pelo menos passado a mensagem de que o tenha feito sobre esta temática. As razões só eles saberão e resta-me especular sobre isso, será a falta de interesse no tema uma vez que o não aproveitamos em nada o Tejo? A razão será simplesmente a incapacidade para tratar de duas situações delicadas ao mesmo tempo? Só quando não restarem dúvidas do fecho dos correios, a defesa do Tejo será iniciada? São especulações esperaremos e depois veremos. 

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