Por: RODOLFO COLHE Presidente da Juventude Socialista de Alpiarça |
Defendam o Tejo
Sempre fui avisado, e bem, pelos
meus pais que deveria ter muito cuidado (na verdade, eles não queriam era que
eu fosse) quando ia a banhos ao Patacão. Todas essas recomendações tinham como
razão de ser os fundões e a corrente que, muitas vezes, senti e algumas vezes
chegaram a assustar-me apesar do cuidado que tinha. Outro tipo de recomendações
que recebi em relação às idas a banhos no Patacão prendiam-se com o facto de as
“águas estarem poluídas”, “o Tejo passa numa central nuclear”, “vai-te cair a
pele”. Por sorte, ou não, nada de mal me aconteceu e com muito orgulho e alguma
inconsciência mergulhei muitas vezes naquelas águas.
Mas hoje esses problemas não se
colocam, por diversas razões entre as quais o cada vez mais difícil acesso ao
Patacão seja pela estrada danificada ao ponto de ser difícil chamar-lhe estrada,
seja pela falta de limpeza e criação de espaços para que qualquer pessoa aceda
em segurança e com qualidade à areia. Outra das razões para esse problema não
se colocar é também e, sem sombra de dúvida, a falta de água que é tanta que os
problemas de corrente e de fundões pouco ou nada se colocam, por muito que esse
problema seja pouco discutido na esfera pública, o poder politico, não digo no geral
mas, com alguns presidentes de câmara como pontas de lança têm discutido
bastante essa falta de água que nos leva a crer que é libertado pouco mais do
que o necessário para manter o caudal ecológico, algo que não sendo um
conhecedor e muito menos um especialista mas, sinceramente, não é preciso muita
inteligência para perceber que aos poucos isto acabará por destruir o Tejo.
Outra questão que não se coloca é a da falsa poluição, todos sabemos hoje que
não é falsa e que é sim muito concreta e que é um problema cuja resolução é não
só difícil como provavelmente mais demorada do que o caso exige. Sobre este
caso há muitas coisas no mínimo fantásticas sendo uma delas a falta de
cobertura por parte de alguns meios de comunicação que tal como alertou o
Daniel Oliveira num dos seus artigos de opinião, são propriedade dos
proprietários das fábricas, muito provavelmente causadoras de uma grande parte
do problema, e depois não querem que duvide da seriedade de determinados meios
de comunicação. Não será esta manipulação da opinião pública, crime? Crime
moral é com toda a certeza.
Mas voltando aos acontecimentos
estranhos, estranho a apatia do nosso executivo camarário em relação a este
tema, apesar de todos sabermos que não só tem pouco a oferecer para a resolução
como tem algumas dificuldades com as massas de água, como se comprova pela
Barragem dos Patudos. Apesar de terem participado em algumas manifestações e
atividades do género nos últimos anos, nesta fase decisiva em que as baterias
até estão apontadas para os grandes capitalistas, o nosso executivo pouco ou
nada tem feito ou pelo menos passado a mensagem de que o tenha feito sobre esta
temática. As razões só eles saberão e resta-me especular sobre isso, será a
falta de interesse no tema uma vez que o não aproveitamos em nada o Tejo? A
razão será simplesmente a incapacidade para tratar de duas situações delicadas
ao mesmo tempo? Só quando não restarem dúvidas do fecho
dos correios, a defesa do Tejo será iniciada? São especulações esperaremos e
depois veremos.
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